quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Recuerdos cerveceros de la Playa de Miami - ou Cervejeiro não fica com sede em Miami
- Ué, e Miami é destino cervejeiro? - indagou a colega blogueira.
Expliquei que a viagem não tinha a intenção de ser roteiro cervejeiro. Mas, como ocorre em todos os cantos dos EUA, o apreciador de boas cervejas não há de morrer de sede. Fiquei de compartilhar algumas dicas. Aqui estão elas.
O turista recém-chegado em Miami tem por obrigação começar o passeio pela Lincoln Road - um boulevard com lojas, bares e restaurantes de todos os tipos. Entre eles, há pelo menos dois de especial interesse para quem gosta de boa cerveja.
Um é o Rio Station. O nome não é à toa: tem brasileiros entre os sócios. A família que comanda a rede de lanches e sucos aproveitou as cinzas do Zeke's, bar de cervejas que animava a galera na região, e resolveu capitalizar em cima do movimento craft. São umas sete torneiras (o ambiente estava escuro e as fotos nao ficaram boas) e umas 100 garrafas.
A seleção dos rótulos, no entanto, é deveras questionável. Entre as importadas, diversas lagers de massa inexpressivas dividem espaço com um ou outro medalhão alemão ou belga. Entre as locais, nada que encha os olhos do caçador de cerveja mais experiente.
Outro é o bar da tradicional alemã Hofbräu. Tem pouquíssimas opções de cerveja - apenas cinco: Original, Dunkel, Hefeweissbier, Märzen e Oktoberfest -, mas todas imperdíveis. Para acompanhar, um cardápio também simples, com as opções germânicas típicas, como salada de batatas com sauerkraut (repolho fermentado), weisswürst (salsichão branco), pretzel (especie de pão com um formato "enroladinho" bem característico, que virou paixão nos EUA), e por ai vai...
O bartender foi provavelmente o mais figura dos bares em que andei por la. Um sérvio chamado Aleksandar, que adora ver a seleção brasileira de futebol jogando e se encheu de orgulho ao falar da bebida tradicional de seu país, a rakija. É uma bebida fermentada e destilada de frutas (ameixas, uvas, pêssego, pera, figo, entre outras) que alcança em torno de 40% de teor alcoólico.
Aleksandar, o bartender gente boa da Hofbrau da Lincoln Road tirando um märzen no capricho. |
Como nem só de mesa de bar vive o bom bebedor, chegou a hora de fazer as compras de mantimentos.
Para garantir aquela bicadinha de boa-noite, o famoso nightcap dos americanos, tem sempre a onipresente rede de supermercados Whole Foods, que tem foco em produtos artesanais e orgânicos. Um verdadeiro oásis para os apreciadores de craft beers.
São três filiais em Miami: Coral Gables (6701 Red Road), Miami Beach (1020 Alton Road) e Aventura (21105 Biscayne Boulevard). A que frequentei foi a de Miami Beach, onde troquei umas ideias com o encarregado da seção de cervejas - um cara que lembrava um Zack Galifianakis mais novo, cujo nome esqueci de anotar.
Ele achou curioso eu estar tirando foto das prateleiras e ficamos de papo. Contei que pagamos pela Duchesse de Bourgogne no Brasil, por exemplo (um dos poucos exemplos do que tinha na prateleira que tambem tem por aqui) o equivalente a US$ 30, em média. Chocado, ele disse que e uma cerveja da qual eles não compram muitas justamente porque é muito cara. O preço deles: US$ 11,90. Vale atentar que a Whole Foods é uma rede de supermercados para um público considerado de alta renda por lá.
Em qualquer Whole Foods que você entrar, certamente não vai se decepcionar com a seção de artesanais. |
A conversa rendeu porque além de saber detalhes da produção de cada cerveja americana que eu perguntei, ele ainda falava com propriedade dos bastidores de cada cervejaria. Sinal de que acompanhava pelo menos algumas das diversas publicações de qualidade sobre cerveja que lá existem - outra grande carência do mercado brasileiro.
TotalWine: Corredor da felicidade |
Fui na de North Miami, que aliás não fica longe do Whole Foods de Biscayne Boulevard (dá pra matar dois coelhos com uma 'caixa d'água'), e não me decepcionei. Tem um corredor com diversas estantes de cervejas, e uma área só para os packs - principalmente das industrializadas. Saí de lá com uma caixa cheia de novidades.
Infelizmente, acabei não podendo visitar cervejarias. Cheguei a sondar a Phunky Buddha e a Gravty Brewlab, que pareceram bem interessantes.
Por outro lado, cheguei a cidade em tempo de participar da Oktoberfest da Samuel Adams, promovida pela Boston Beer Company. Junto com Dogfish Head, a Boston e a cervejaria a qual mais me afeiçoei nos últimos três anos de exploração mais intensa das cervejas americanas. Sem lederhosen, mas com passe VIP que dava direito a diversas degustacões de 100 ml e alguns copos cheios, experimentei rótulos mais incomuns da cervejaria, como a a belgian IPA Grumpy Monk e a gose Verloren.
Cada um tem a Oktoberfest que pode... quem não consegue ir à Alemanha, fica com South Miami |
Além de uma banda de covers e apresentadores bastante animados, o som da festa contou com um DJ que cometeu a indefectível "Ai, se eu te pego" e - pasmem - a versão proibidona do "Rap das Armas". Foi surreal ouvir os versos "morro do Dendê e ruim de invadir / nós com os alemão vamo se divertir / porque meu amigo vou dizer como é que é / aqui não tem mole nem pra DRE" naquele contexto. Não deixou de ser engraçado ver a gringaiada, obviamente, dançando despreocupada com aquela sonoridade exótica.
Nas malas, vieram umas 20 boas recordacoes engarrafadas. Devidamente inspecionadas e liberadas pela Transportation Security Adminstration (TSA) e pela Receita Federal brasileira. A TSA fez cortes em alguns plásticos-bolha usados para proteger as garrafas (Nota do Editor: Sugestão de quem nunca se decepcionou com acidentes de viagem: não economize no plástico bolha). Na chegada ao Brasil, tive que explicar ao delegado da Receita que nem toda garrafa com rolha e vinho. E não pude deixar de ficar um pouco incomodado ao ver ele fez cara de desprezo quando eu disse que eram cervejas, e que a mais cara tinha custado US$ 13,99.
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