quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Cervejas artesanais no México: Na terra da tequila, há 'chelas' muito além da Corona

Quem disse que no México só tem Coronal, Dos Equis e Sol? Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Zobaran  

EDUARDO ZOBARAN
Especial para A Volta ao Mundo em 700 Cervejas

Sombreros, narcotraficantes e guacamole. Apesar do mal dos estereótipos que assolam o México, como é bom visitar o país. Além de música, comida, sítios arqueológicos e praias para todos os gostos, os nossos amigos latinoamericanos têm tequila, mezcal ou pulque, para emborrachar uma noite ao som de mariachis, rock ou jazz. E já que o boteco aqui é para falar de cerveja - ou chela, como eles preferem -, vale lembrar, o México é muito mais do que Corona e Sol.

A produção de cervezas artesanales vive um boom, mas ainda está bem atrás dos vizinhos do norte. Nos últimos cinco anos, microcervejarias se espalharam por várias regiões do México, como a Cidade do México, Oaxaca, Guadalajara e Baja California. Elas investem em ingredientes característicos do país, como chilli e tequila, e o melhor de tudo: não são tão difíceis de encontrar. Com uma garimpagem em supermercados, lojas e bares especializados na Cidade do México, você não precisa rebolar para conciliar a chela artesanal à viagem.

Já se sua viagem passa por outros cantos longe da capital, como foram as minhas férias (que saudade...), você vai sofrer. Depois de passar por um bocado de lugares e receber negativa sempre que procurava por uma cerveja diferente, confesso que desisti de procurar. Só voltei a me interessar pelo tema ao fim da minha viagem, quando cheguei à Cidade do México. Por lá, experimentei diversas e encontrei lugares ótimos para beber (desculpa, não sou desses que degusta) uma boa cerveja.

Beer Bank: parada obrigatória. Foto: Eduardo Zobaran
Meu lugar preferido para tomar as artesanais foi no Beer Bank, que é um pé bem limpo no bairro de Condessa, área chique, com muitos restaurantes e um jeitão de Europa. Assim como acontece em estabelecimentos do gênero no Brasil, a prioridade por lá parecem ser as cervejas estrangeiras, sobretudo alemães e belgas, mas há muitas opções de produto nacional. Por lá, achei pela primeira vez as recomendadíssimas (e, consta, super premiada) Calavera. Apesar de ter viajado em abril, não tive problemas para encontrar a premiada Yule, edição limitada feita para o período natalino.

O Beer Bank não é a única cada do tipo. Na Cidade do México, The Beer Box e Tlatoanis são outras boas opções. Além da Calavera e sua tampinha preta com uma cavera branca, que você certamente vai guardar no bolso como recordação, outras microcervejarias mexicanas que valem a chupada (calma, calma, isso é o “beber cerveja” deles) são Primus, Tempus, Tijuana, Minerva, Zapata, Mexicali, Sierra Madre e Red Pig. Algumas boas, outras nem tanto. São muitos estilos à disposição, mas a que mais gostei foi a Cucapá Chupacabra. Não sei direito se fui seduzido pelo nome curioso ou pela premiada American Pale Ale.

Bom, mas, sejamos francos, nem só de cerveja artesanal vive uma viagem. Se as artesanales não tão fáceis de encontrar por estados como Oaxaca, Chiapas, Quintana Roo e Yucatán, por onde passe, o jeito é tomar as blockbusters. E o melhor de tudo, as cervejas populares não fazem feio. Produzidas por Cuauhtemoc Moctezuma (hoje da Heineken) ou Grupo Modelo (da AB-InBev), as duas grandes cervejarias que polarizam as chelas do país e até os patrocínios aos times de futebol é possível encontrar ótimas opções para encher a cara.

Entre as principais cervejas da Moctezuma estão, é claro, a Sol (com versões Limón y Sal e Cero) e Tecate (ou Tecate Light). Outra muito conhecida e que se encontra aqui no Brasil é a Dos Equis, com versões Lager e Ambar (muito boa). As que mais tomei, no entanto, foram a Indio, que é baratinha e muito boa, e Bohemia, que tem versões Clásica e Oscura. Reza a lenda também que a Noche Buena é muito boa, mas, como é sazonal, não tive oportunidade de provar.

Do lado da Modelo e sua Corona ou Corona Light, também há opções para quem quer fugir das óbvias - ou, pelo menos, emborracharse com diferentes tipos de chelas. Minha favorita era a Negra Modelo, que dividiu meu coração e paladar entre as populares com a Bohemia Oscura. Outras fáceis de encontrar e, se não chegam a ser nenhuma Chimay, também entregam o que prometem, estão as Léon, Victoria e Pacífico e, alguns degraus mais baixo, a Montejo.

Já que falamos sobre estereótipos lá no começo, é bom ressaltar também que limão na garrafa não é prática tão comum por lá. Viajei por 26 dias no país e só encontrei o ritual em Playa del Carmen, justamente em um lugar lotado de turistas, onde o dólar fala mais alto do que o peso e o simpático “Que pasa, wey?!” vira “Whatsapp, dude?!” Mexicano de verdade esmaga um limãozinho é em todo e qualquer prato de comida, que, por sinal, rendem muitos e muitos posts. Mas essa já é outra história…

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