terça-feira, 18 de outubro de 2011

Missão cumprida 2: 2º Belgian Beer Festival - DeuS e o Diabo na terra da cerveja

Quem gosta de boas cerveja e boas comidas e não foi no 2º Belgian Beer Festival deve começar a pensar seriamente em comparecer na edição do ano que vem. O evento, organizado pelo belga mais carioca do mundo (é cidadão honorário e tudo), Xavier Depuydt, reuniu mais de 150 pessoas no Clube dos Marimbás, em Copabacana, para uma mini-maratona (de 12 horas!) etilo-gastronômica de alto nível.

Boa praça e bom de copo, Xavier já começou a zoação ao me receber. "Mas por que só 700 cervejas? Só na Bélgica, temos mais de 1.000!" Tive que prometer futuras expansões do número-alvo do blog para ele sossegar.



Às 13h em ponto, salões abertos e quase vazios, que rapidamente foram ficando repletos de gente. Como já cansei de Stella Artois e de Hoegaarden, por mais que sejam uma ótima lager e uma ótima witbier, respectivamente, me concentrei nas que ainda não tinha experimentado. Para abrir os trabalhos, fui numa Maredsous 6 - encorpada e equilibrada, com um bom calor alcoólico, perfeito para o dia frio e de chuva - tirada na chopeira, seguida de uma Liefmann's Fruitesse - parece um keep cooler, leve e puxado para o gosto de vinho e frutas vermelhas - para rebater. Os petiscos incluíam os croquetes de queijo feitos com Maredsous, pasta de salaminho, azeitona e cerveja, e queijos diversos. Na TV de LCD, um vídeo publicitário da Orval - que infelizmente não estava sendo oferecida - mostrava o método de produção e entrevistas com os altos funcionários da cervejaria. No som, só coisa boa: rock n' roll, rhythm & blues e folk.

Eu e o camarada Jan de Deken, jornalista belga que conheci no começo do ano (e autor das fotos deste post), tentamos entrevistar Xavier, mas até ele estava mais interessado em curtir o evento. Mandou descer duas garrafas da DeuS - Brût des Flandres - que não estava no cardápio -, servidas no balde da marca, e ficamos de papo. Perguntei se ele pretendia abrir no Rio um espaço para degustação e palestras como fez na filial do Belgian Beer Paradise em Moema (SP). A resposta foi um enfático "não", sustentado por uma longa crítica sobre os preços abusivos dos bons pontos comerciais no Rio, especialmente na Zona Sul, e a revelação de que ele já está com quase tudo pronto para abrir outro espaço em São Paulo: o Ale House, em 2012.

- São ridículos os preços que cobram no Rio. Aqui em Copacabana, já quiseram que eu pagasse R$ 250 mil de luvas por uma loja de 18 metros quadrados, sem contar o aluguel. Em São Paulo, minha loja tem 200 metros quadrados e fica na Rua Oscar Freire, que é uma localização privilegiada para o comércio, e paguei R$ 210 mil em luvas. Por isso, vou instalar outra loja em São Paulo. O melhor mês para fazer isso seria dezembro, mas nossos garçons ainda vão estar em treinamento, portanto ficou para o ano que vem. O cardápio também será todo de pratos elaborados com cerveja - adiantou.

Quando o relógio bateu 15 horas, o anfitrião foi cumprir outra parte fundamental do cerimonial cervejístico do evento: a abertura da garrafona de 3 litros de Duvel que marcou o início do serviço das cervejas mais fortes - aguardadas com ansiedade pelo pessoal. A partir daí, Xavier foi visto na festa o tempo todo com uma tulipa da encapetada strong ale na mão. Quando perguntei se era a preferida dele, sorriu e respondeu sem hesitar: "Sempre." Brincou que representava tanto a cerveja de Deus (da Bosteels Brouwerij) quanto a do diabo, ou duvel na língua flamenga (da Duvel-Moortgat).

As comidas - receitas típicas da Bélgica, executadas por um chef australiano - entraram na roda, e daí em diante, o evento, como se podia esperar, ficou animado. As batatas fritas volumosas, sequinhas e meio enroladas e compota de maçã escoltavam as carnes: o vlams stoofvlees, guisado de carne que fica cozinhando por 4 horas na cerveja Maredsous brune , até ficar derretendo na boca, e o vol au vent, um primo do fricassê de frango preparado com a Maredsous blonde.

O povo reunido bebeu como se o dia seguinte não fosse segunda-feira. Muito menos, no entanto, do que no ano anterior, segundo diversos relatos que ouvi dando conta de algumas dezenas de pessoas dormindo pelos cantos do Pink Fleet. Amadores. Apesar de haver um ou outro zumbi alcoolizado demais no salão, não presenciei qualquer cena desagradável e vi apenas duas taças serem quebradas - provavelmente um recorde. Minha contagem final foi de 1 Maredsous 6, 1 Maredsous 8, 1 Maredsous 10, 1 Liefmann's Fruitesse, 3 flûtes de DeuS, 2 Tripel Karmeliet e 2 Kwak.

Saí inteirinho, lúcido e orientado no tempo e no espaço, são e salvo. Só um pouco cansado do intenso desafio, mas aceito de bom grado estes sacrifícios que o blog me impõe...

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