quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Bebendo com os olhos #3 - Cuvée René - Art Déco engarrafada
Ao degustá-la, percebemos que algumas escolhas, sobretudo em termos de cores, foram muito bem aplicadas. Seu sabor avinagrado, ácido, vai muito bem com o amarelo carregado no magenta que permeia todo fundo de seu rótulo. O vermelho e o preto reforçam essa impressão sensorial da sua degustação. Aliás, o uso do vermelho ajudou ainda a destacar as iniciais do nome da cerveja em meio às curvas e desenhos complexos típicos de algumas estações de metrô em paris e demais adornos espalhados pela Europa em meados da década de 1920.
Creio que a escolha das famílias tipográficas tenha sido para contrastar com tantos elementos decorativos. A Cuvée tem em seu título uma "falsa serifada" (a serifa existe, mas não tão evidente) o que ainda nos prende ao estilo decorativo, contudo todo o resto é composto por lapidárias, o que facilita a leitura, destacando-se dos demais elementos.
No rótulo traseiro, um pergaminho nos remete, também, a época antiga em esse estilo de cerveja – que leva trigo em sua composição e é uma mistura de cerveja "jovem" com outra envelhecida por anos – foi fermentada pela primeira vez.
Alguns pontos negativos vêm do fato do elemento decorativo (em preto) abranger uma área muito grande no rótulo frontal. A marca da cervejaria, bem como o ano de fabricação da Cuvée, nos dão a impressão de terem sido jogados nos únicos espaços disponíveis em meio a tantas voltas e revoltas.
Para finalizar, destaco o uso do papel metálico (do tipo foil) em tom dourado no lugar do recorrente rótulo de gargalo e a cor esmeralda da garrafa (que favorece a oxidação do líquido). Aspectos que passam a impressão de ser uma garrafa de champagne - o que não deixa de ser coerente.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Homenagem aos cervejeiros - Confira os vencedores do Prêmio Destaques BBC 2012
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
'Produzir como há mil anos, porém com tecnologia de ponta' - ENTREVISTA EXCLUSIVA COM JOHANNES WEISS, DA WEIHENSTEPHANER
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Blogueiros Brasileiros de Cerveja lançam prêmio Destaques 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
A celebração carioca da cerveja belga - O que rolou no 3° Belgian Beer Festival
A viagem foi longa, a volta uma aventura e o evento uma loucura, mas retornamos incólumes da Barra da Tijuca, onde fomos investigar o que estava rolando do 3° Belgian Beer Festival. Trabalho muito árduo, como vocês podem imaginar.
O festival, que no ano passado foi realizado no Clube Marimbás, de cara para as águas de Copacabana, desta vez ocupou a Casa do Canal, um lugar bem interessante às margens do canal da Barra, com vista agradável, mesmo sendo no meio da areá urbana.
Chegamos lá bem atrasados, por volta das 16h (o evento começou às 13h) e já no salão de entrada onde estavam as comidas, era possível ver que a festa rolava solta. Por uma janela, via a galera sedenta, alguns até já com os olhos meio injetados, esticando os braços à espera de um copos das diversas nas torneiras.
As comidas, por onde passei primeiro (amém), estavam ótimas e algumas foram preparadas tendo as cervejas como ingrediente. O cardápio foi o mesmo do ano passado - o que nos leva a crer que prevaleceu o pensamento do "time que tá ganhando não se mexe". Tinha uma sopa de Hoegaarden e uma carne com maçã cozida na Maredsous 8 que estavam sensacionais. Se eram complexas ou tinham receita secreta, não sei. O cozinheiro foi trazido de São Paulo.
Os clássicos salgadinhos (croquete de queijo) e batata-frita não duravam muito. Cheguei a ver algumas pessoas, sem educação alguma, levando a bandeja INTEIRA para a mesa. O mesmo fizeram com a sobremesa, um chocolate belga que parecia uma mistura de Sufflair com Nutella, bom demais.
De estômago forrado e pronto para guerra, fui até o balcão tentar pegar uma cerveja tirada da torneira. Missão nada fácil. Até os demais foliões ficarem incapacitados estava um pouco complicado conseguir um copinho. Afinal de contas, além da já mencionada Maredsous, havia em jogo outras preciosidades belgas, como Gouden Carolus, Kwak e La Chouffe.
Nove chopeiras de duas torneiras quase todas plugadas com Karmeliet, Kwak, Maredsous (6, 8 e 10), Carolus Classic, Lindemans Fruitesse, Hoegaarden, e alguma que me esqueci, faziam a alegria dos bêbados presente. Duvel era servida em garrafas, que alguns cervejeiros caseiros fizeram a festa no final.
Conversando com o público durante o evento, ouvi que as cervejas servidas em garrafas estavam melhores que as da torneira, o que pode ter de fato acontecido ou pode ter sido só impressão de quem relatou isso. Houve quem reclamasse que a variedade de comida havia diminuído - apesar dos pratos servidos terem sido os mesmos do ano anterior. Ainda assim, nada sério, que provocasse qualquer desânimo ou insatisfação.
A conclusão é que, quando tem bebida liberada e ingresso "caro", o pessoal procura fazer o evento "valer a pena". Seja na Zona Oeste ou na Zona Sul, a maioria sai trocando as pernas. Alguns caem, tropeçam ou se apoiam nos amigos.
Outros saem sóbrios, como eu. Com a sensação do dever cumprido.
sábado, 24 de novembro de 2012
Cerveja boa é cerveja livre - Abaixo a ditadura da Reinheitsgebot
Comecei a conhecer boas cervejas, como acontece com muitos, pelas cervejas alemãs de trigo. Mais especificamente, as bávaras. Na Alemanha, onde "região" quer dizer "sabor (de cerveja) diferente", essa distinção é particularmente importante.
Além das lagers de Munique, etc, as bávaras, grosso modo, são representadas hoje em dia pelas weizenbiers, que têm como principal característica o aroma frutado que lembra banana e cravo – efeito produzido não pela adição destes ingredientes, mas pelas leveduras utilizadas na bebida.
Foi em cervejas brasileiras que vi pela primeira vez menções à Reinheitsgebot, "Lei de Pureza Alemã", ou ainda "Exigência de Pureza". Estampadas nos rótulos com inegável orgulho, que muitas mantém hoje em dia, quando já devíamos ter superado esse estágio. Mas é preciso separar a obediência a esta regra arcaica de qualquer consideração sobre a "qualidade" da cerveja.
Confundir as coisas não é crime, mas distorcê-las talvez devesse ser. Modernamente, a Reinheitsgebot é marketeada a torto e a direito como "tradição", com um ar de superioridade, usada como gancho para cativar os clientes. Virou fetiche. Só que não é por ser tradição que é necessariamente benéfica.
TRADIÇÃO NÃO É QUALIDADE
E se, em vez do lúpulo, o cervejeiro alemão quiser temperar e conservar a cerveja com uma mistura de ervas, o gruit, como se fazia antes de 1516? Não seria ainda mais tradicional, e, portanto, de qualidade ainda maior?
Se você respondeu mentalmente "não", concordamos na realidade básica da coisa. Até porque, convenhamos, mesmo os mais refinados métodos de higiene do século 16 seriam repugnantes hoje em dia.
Se vamos ser tradicionalistas mesmo, adotemos então as lambic como cervejas favoritas, já que usam o método tradicional de sequer selecionar a levedura que vai ser usada para fermentar o mosto. O que cair é presente de Deus.
A família real da Baviera manteve, por séculos, monopólio da produção de cervejas de trigo. Isso não diz nada? Se só as cervejas que seguiam a regra dos três elementos tivessem qualidade, por que a realeza teria predileção pelas "inferiores"? A Reinheitsgebot ganhou nos anos 1990 essa alcunha, "exigência de pureza". Isso, depois de ter sido considerada pela justiça da União Europeia como prejudicial à livre concorrência.
A livre concorrência, me parece, é coisa que mesmo os cervejeiros artesanais, capitalistas por mais que sejam vistos sempre com o manto sagrado da ideologia, deveriam defender. Nem que da boca pra fora.
DOS SEIS ARTIGOS, CINCO SÃO SOBRE OS PREÇOS
O importante é que o decreto do duque Guilherme IV não traz considerações sobre a motivação do ato em seu preâmbulo, muito menos justificativas como a de que se trata de uma medida visando ao benefício do povo. Natural. Onde já se viu, afinal, um monarca ter que se explicar aos súditos?
No texto em si, não há elemento que permita a interpretação positiva que lhe atribuem. Resta a análise fria dos seis "artigos".
Os quatro primeiros se ocupam dos preços máximos que se podia cobrar por cada tipo e quantidade de cerveja. O último volta a falar de preços. E mostra preocupação com escassez da cevada, dando a entender que o governo desapropriaria estoques privados que julgasse necessários.
Nur Geschäfte. Just business. Apenas negócios.
É no penúltimo artigo que os defensores da visão benevolente sobre essa tal "exigência de pureza" se fiam. Curiosamente, o texto não faz referência a esse conceito de pureza nem nada minimamente semelhante. Afirma que "deseja enfatizar" (indicando que isso já devia ter sido alvo de legislação) que os ingredientes "no futuro, em todas as cidades, nos mercados e no país na fabricação de cerveja eram devem ser malte, lúpulo e água".
A levedura, como todo mundo que leu um pouquinho a respeito já está careca de saber, só foi descoberta no século 19, foi adicionada posteriormente ao texto, etc etc... E estabelece ainda que a punição para quem fizer algo diferente é o confisco da mercadoria, "sem falha". Ou seja, não aplicava punição severa a quem transgredisse.
Nada nela ecoa, nem de longe, uma preocupação tão fundamental com os reles plebeus bebedores.
O texto, curiosamente, não menciona qual seria o fim da cerveja feita fora dos padrões apreendida. Pode-se apenas especular.
UMA LUZ NO FUNDO DA CALDEIRA DE MOSTO
Estabelecido que não se trata de qualidade, resta a questão filosófica. A Reinheitsgebot não faz muito mais do que limitar a criatividade dos cervejeiros. De condicioná-los a repetir que o fato de estarem usando os tais ingredientes quase místicos confira "qualidade", "pureza" à cerveja.
As meras combinações entre esses quatro elementos são capazes, sem dúvida, de gerar uma gama enorme de aromas e sabores. E daí? Por que vestir a camisa de força? O cervejeiro deve se sentir culpado se ficar com vontade de adicionar nozes e passas à sua cerveja escura? Deve se autoflagelar?
Felizmente, já estamos vendo no Brasil uma bela "contra-cultura cervejeira", em busca de experimentações e inovações. Isso se manifesta tanto nas artesanais de médio e pequeno porte, com seus lançamentos sendo reconhecidos no exterior, como nos cervejeiros caseiros, com as amostras enviadas aos concursos que têm sido realizados em diversos estados.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Cervejaria Providência planeja começar venda em garrafas até junho de 2013
"Tomar uma providência" pode ter um significado bem mais agradável do que o enunciado sugere, como mostra este pedaço de diálogo do detetive mais famoso do mundo, Sherlock Holmes (como bom inglês, apreciador de um pint de bitter ale), com seu fiel escudeiro, dr. John Watson. Instalado em Cascavel, no Paraná, num terreno à beira da BR-277, rodovia que liga o Porto de Paranaguá a Foz do Iguaçu, um grupo de amigos está firmemente dedicado a conferir esse mesmo sentido (fica a dica da referência literária) à expressão. É o pessoal da cervejaria... Providência, é óbvio."Não ouvi mais nada. Seus carros partiram em direções diferentes e fui tomar minhas providências. "Que providências?" "Um pouco de carne fria e um copo de cerveja", respondeu Holmes, tocando a campainha. CONAN DOYLE, Arthur. "Um escândalo na Boêmia", in As aventuras de Sherlock Holmes.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Festa da cerveja e da culinária belga chega à terceira edição no Rio de Janeiro
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Monastério dos EUA recebe selo da Associação Trapista Internacional
Sala de estudos e orações da Abadia de São José: novos trapistas. Fonte: spencerabbey.com |
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
'Quero provar cervejas com gosto de Brasil' - ENTREVISTA EXCLUSIVA COM GARRETT OLIVER
Em viagem a Nova York no meio deste ano, encontrei o mestre cervejeiro da Brooklyn Brewery, Garrett Oliver, por acaso, bar Blind Tiger, no SoHo. Coincidentemente, no dia em que fui levado lá por meu beer-cicerone novaiorquino - um executivo de médio escalão de um banco de investimentos com sede no distrito financeiro da cidade - o bar estava recebendo um evento de degustação de lançamentos e clássicos da Brooklyn, e ele estava lá para dizer algumas palavras alusivas. Amaciado por dois deliciosos exemplares da "reserva do mestre cervejeiro", o wheat wine The Companion e a specialty ale The Concoction, apresentei-me como jornalista e beer blogger brasileiro e pedi uma entrevista.
Ao ouvir que eu era do Brasil, ele abriu um sorriso e topou na hora. Pediu que eu entrasse em contato para vermos os detalhes. Quando o fiz, Garrett veio com uma sugestão muito melhor que a simples entrevista que eu havia sugerido: me convidou para uma visita à cervejaria guiada por ele, junto com um cervejeiro argentino também visitante, e para o jantar harmonizado que promoveria na mesma noite para os distribuidores das suas cervejas na região.
Visitando o depósito: paraíso cervejeiro em forma de pilhas de caixas |
À mesa: Local 1, 2 e Sorachi |
Explicando o rótulo da Local 2 |
A equipe da cervejaria se virando na cozinha, sob o comando do mestre |
Plateia formada por distribuidores da Brooklyn |
Preparando o molho carbonara |
Missão cumprida, jantar encerrado, Garrett fala de suas experiências como cervejeiro |
Fermentado por
Marcio Beck
Em
10/25/2012 09:00:00 AM
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Do que se trata
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Desmistificando a IPA: um britânico em busca da verdadeira origem da India Pale Ale
Adição de lúpulo para a cerveja 'resistir à viagem à Índia' é a base da lenda. DIVULGAÇÃO/HEINEKEN |
Recebi alguns cumprimentos por ter escrito, recentemente, que há controvérsias sobre a onipresente descrição de que a India Pale Ale, a popular IPA, "foi criada com uma dose extra de lúpulo para suportar a viagem até a Índia, na época do Império Britânico". Agradeço-os, mas não posso aceitá-los. O crédito desta contestação bastante impopular - a lenda facilita bastante contar a história - pertence principalmente, pelo que pudemos apurar, ao jornalista britânico Martyn Cornell, autor do excelente blog Zythophile.
Na versão mais detalhista da lenda, existe até um herói e uma data. Cornell, em seu trabalho, buscou desconstruir ambas - e, pela aparente ausência de réplica aos seus argumentos, conseguiu. Primeiro, ele traçou o caminho da lenda ao livro "Burton-On-Trent: Its History, Its Waters, and Its Breweries", de William Molynaux, de 1869, que não citava fontes.
Cornell: desconstruindo o senso comum. REPRODUÇÃO/ZYTOPHILE |
Sem negar a proeminência de Hodgson no comércio de cerveja com a colônia britânica Cornell analisa:
Outro mito é que os cervejeiros ingleses estavam ansiosos para entrar no mercado indiano. De fato, no início do século 19, o mercado era muito pequeno, apenas 9.000 barris por ano, igual a menos de meio por cento dos dois milhões de barris produzidos em Londres todo ano. Hodgson provavelmente tinha cerca de metade do mercado indiano, mas isso provavelmente, em grande parte, porque ele sua cervejaria era perto de onde os navios da Companhia das Índias Orientais aportavam, e porque ele estava disposto a permitir aos capitães (...) crédito dilatado, de até 18 meses, na cerveja que compravam dele.Os artigos de Cornell a respeito das origens da India Pale Ale, legítimo fenômeno no mercado cervejeiro, merecem ser lidos com toda atenção. E questionados, se necessário, claro. Se na busca de fontes históricas confiáveis a pesquisa dele merece grandes elogios, no pensamento econômico, me parece que ficou devendo um pouco. O fato de o mercado indiano ser tão pequeno, em princípio, não é prova de que ele não possa se expandir. Muitos economistas que conheço diriam o contrário: que é um mercado com potencial de expansão enorme, virtualmente inexplorado.
Suas pesquisas levantam ainda lacunas importantes de informação como a proporção dos lúpulos usada na receita de Hodgson e reenquadram certos marcos temporais - como o de que a denominação India Pale Ale não foi usada antes de 1835; até então, eram normalmente chamadas “pale ales preparadas para o mercado da Índia (ou das Índias Ocidentais e Orientais)” ou coisa semelhante.
O inegável que ele reuniu elementos convincentes de que a verdade, como de costume, está bem longe do senso comum. Para quem quer escapar do senso comum, fica a dica.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Barão Vermelho será a próxima banda brasileira a lançar cerveja com marca própria
Pesquisa da Unesp de 2006 já apontava altos índices de milho na cerveja
“Foram analisadas 161 amostras de cervejas provenientes de dezessete estados do Brasil. Concluiu-se que 95,6% utilizaram malte e adjunto cervejeiro (derivados de milho ou açúcar de cana: 91,3% e derivados de arroz: 4,3%) em sua formulação e outros 4,3% eram cervejas 'puro malte'. Das amostras analisadas, 3,7% eram cervejas com menos de 50% de malte em sua formulação (adulteradas), 28,6% delas estavam na faixa de incerteza, para qualquer tipo de adjunto e 67,7% apresentaram malte dentro do limite legal estabelecido.” (SLEIMAN, 2006)Vale acrescentar que foram 60 diferentes marcas, procedentes de 63 fábricas, localizadas em 56 cidades do país. Os parâmetros físico-químicos das cervejas foram avaliados no Laboratório de Bebidas do Departamento de Gestão e Tecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas, e as análises da composição isotópica das bebidas, no Centro de Isótopos Estáveis Ambientais em Ciências da Vida do Instituto de Biociências. “Faixa de incerteza”, destaque-se, é o eufemismo técnico para "há risco de o consumidor estar comprando gato por lebre". Sabendo disso, vamos ler de novo, então, de outra maneira: A análise mostrou que só pouco mais de DOIS TERÇOS das cervejas analisadas, ou seja, 108 das 161, possuíam COM CERTEZA percentual de malte até o permitido pela lei. Sobre as 53 restantes... sabe-se lá, não é mesmo? Mas os 28,6% não podem ser considerados adulterados além da famosa “dúvida razoável” dos tribunais. Os autores dizem que elas se encontram “no limite da legalidade”. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA APOIOU COLETA O Ministério da Agricultura, diferentemente do que a Schincariol deu a entender, em sua declaração à Folha, conhece a metodologia há oito anos e não só a aprova como, ao saber da pesquisa da Unesp, ajudou-a na coleta das amostras em quase todos os 19 estados produtores de cerveja à época. Exigiu, porém, sigilo em relação às marcas. Portanto, infelizmente, não é possível determinar se são as mesmas marcas identificadas pela USP. Fica para a imaginação de cada um. A conclusão do estudo, pode-se dizer, foi branda e racional, como convém aos cientistas:
“A fraude não é uma prática disseminada no mercado cervejeiro brasileiro que (sic) apresenta apenas problemas pontuais.” (idem)À indústria, sempre resta o jus sperneandis (o "direito de espernear", como se diz em juridiquês bem-humorado), alegar que os estudos são falhos, que não é por aí, etc. A verificação dos isótopos é bastante consagrada, cientificamente, em diversos tipos de análise de bebidas. Se tudo o mais falhar , há ainda o mantra de que o uso de adjuntos é normal, suavizante, paladar do brasileiro, calor tropical, blábláblá. A questão, no entanto, não é se a cerveja fica pior ou melhor com mais ou menos milho ou arroz. Está na informação devida ao público. Se a utilização de milho e outros adjuntos não impacta negativamente na qualidade do produto, como afirmam, porque não torná-la clara nas embalagens, nos rótulos? Os consumidores devem se contentar com a descrição de "Cereais não maltados" (quando aparece)?
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Consumo maior de cerveja aquece mercado de malte, matéria-prima básica da bebida
Grãos de cevada são usados para fazer o malte, matéria prima fundamental da cerveja (Divulgação/Heineken) |
A temperatura está subindo no mercado de malte brasileiro. A compra do controle da Malteria do Vale pela francesa Soufflet, em agosto, por um valor não revelado - o que geralmente acontece quando a "adquirente" paga demais ou de menos pela "adquirida" - foi o sinal mais claro de que a expansão do consumo mundial de cerveja deverá ter repercussões profundas no Brasil. O país, afinal, é um dos maiores produtores mundiais de alimentos e a tendência é que cresça ainda mais nesta área nos próximos anos.
O malte é a matéria-prima fundamental da cerveja. É o grão, normalmente de cevada ou trigo, que é deixado em meio úmido para começar a germinar e depois passa por secagem - que interrompe a germinação. A intensidade do calor e o tempo da secagem dão cor ao malte, influenciando a cor e o sabor da cerveja. Ele é cozido com água, filtrado, e o resultado do processo, o mosto, recebe o fermento, que produzirá gás carbônico e álcool, completando a magia. Grossíssimo modo, já que os sabores e os aromas dependem também de outros elementos, as cervejas feitas com maltes claros, geralmente, lembram pão e biscoito, as avermelhadas, caramelo e nozes, e as escuras, café e chocolate amargo.
Jean-Michel Soufflet, presidente da Soufflet |
Nas entrevistas que deu a respeito da negociação, o presidente da Soufflet, Jean-Michel Soufflet, destacou que a aquisição, a primeira da empresa fora do país, é parte da estratégia global da empresa em dois níveis: um, para acompanhar a concentração das indústrias cervejeiras em gigantes transnacionais, e dois, para brigar com a dona do pedaço no mercado de malte.
Em bom português: grandes chances de os gringos quererem nosso malte para vender ao resto do mundo. O malte produzido nacionalmente já é pouco - cerca de 40% do total consumido pela indústria, segundo fontes do setor - e periga fica ainda mais escasso.
A Ambev, que representa 70% do nosso mercado, sentiu o calo doer em seu balanço mais recente. O custo por volume subiu 3,4% e parte disso foi culpa, segundo a empresa, do "aumento dos custos das matérias-primas, princialmente o malte". Segundo estimativas de especialistas, o malte representa em média um peso de cerca de 75% no custo total da matéria-prima e 5% do preço total do varejo.
Principal cliente das maltarias brasileiras, a Ambev já começou se defender de uma possível redução da oferta já sofrível no mercado interno.
Nos próximos meses, a gigante deverá inaugurar sua quarta maltaria, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, com capacidade para 110 mil toneladas por ano. O investimento é de R$ 200 milhões.
A empresa também sinalizou discretamente que apoiará os que quiserem arriscar investimentos. Não faz muito tempo, o Governo do Estado de Santa Catarina anunciou que a Cooperativa Agrária, uma da principais fornecedoras da Ambev, vai gastar R$ 212 milhões para construir mais uma maltaria. A unidade, a terceira da Agrária, produzirá 80 mil toneladas de malte por ano a partir de 2015. Atualmente, a cooperativa tem produção total de 240 mil toneladas por ano.
Não encontramos registros de movimentações semelhantes por parte da Heneiken, outra megacervejaria multinacional instalada em terras brasilis. As outras grandes cervejarias, se o fizeram, fizeram na surdina. Como não têm capital aberto, ou seja, não negociam ações na bolsa de valores, não precisam tornar públicas uma série de dados.
sábado, 29 de setembro de 2012
Governo alivia cervejarias para o verão e dilui reajuste da carga tributária
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Inovamos de novo! O que rolou no 1° Quiz Cervejeiro do Rio
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Playboy estuda lançar cerveja de marca própria no Brasil
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
1º BEER QUIZ do Rio de Janeiro vai ser no próximo sábado (22/9) às 19h !
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Falta de barris e garrafas ameaça suprimento da Oktoberfest alemã
É esperado no evento o consumo de mais de 7,5 milhões de litros da bebida. As tradicionais cervejarias que fazem parte da festa, como Paulaner, Hacker-Pschorr e Hofbräu, dizem que podem ter problemas por não haver garrafas e barris suficientes para suprir a demanda deste grande evento.
Essa situação se deve, em parte, ao forte verão alemão, que elevou o consumo de cerveja. Outra parte seria pela reutilização das garrafas, que foi motivo para haver apelos nos noticiários locais, por parte da Paulaner/Hacker-Pschorr:
Caros cidadãos de Munique -- tragam de volta os engradados. Precisamos deles vazios!
E ainda, segundo a revista Der Spiegel, uma associação local pretende lutar contra os altos preços praticados na festa, fazendo um grande abaixo-assinado e aproveitando as eleições locais para pressionar os politicos.
Nós estamos visando a um preço máximo de € 7,10 por litro de qualquer bebida"
O mug de 34 onças (1 litro) deverá custar entre € 9,10 e € 9,50, ou seja, € 0,35 a mais que no ano passado. Além do preço máximo, os alemães querem estabelecer um teto para o aumento, de € 0,15 de um ano para o outro.
Um canal de TV russo fez as contas e chegou à conclusão de que o preço da cerveja na Oktoberfest cresceu 43% nos últimos dez anos. Caso o abaixo assinado consiga 30 mil a 40 mil assinaturas, deverá haver um referendo sobre o assunto.
Pois é, povo cervejeiro, são notícias preocupantes essas que vêm da Europa. Mais motivos, talvez, para prestigiar a versão nacional do evento, em Blumenau (SC).
sábado, 1 de setembro de 2012
Casa Branca libera receitas das cervejas do Obama
Seria bom se os fundamentalístas que se incomodarem com o uso político da nobre tradição do homebrewing visualizassem o copo meio cheio: é melhor o hobby estar sendo tratado politicamente como algo simpático, saudável e positivo do que com os usuais chiados dos abstêmios conservadores. Vale a pena ler o comunicado oficial do Chefe Assistente e Consultor de Políticas de Alimentação Saudável, Sam Kass.
Apesar de a receita usar extrato de malte, que é pouco comum aqui no Brasil, e mel produzido nos jardins da Casa Branca, acreditamos que seja possível reproduzi-la. Iremos nos programar para fazê-las por aqui, mas caso alguém seja mais rápido, por favor, compartilhe conosco os resultados.
O comunicado traz também um vídeo mostrando uma leva das duas variedades sendo feitas pelos cozinheiros da Casa Branca, confira:
E finalmente, as receitas;
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
A cerveja e a concentração de mercado no mundo
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