quinta-feira, 11 de abril de 2013

Festival Brasileiro da Cerveja - O retorno da Petroleum original, finalmente tomamos Providência e algumas cositas más

Nosso fiel público sabe, e os novos leitores acabam se acostumando, com o nosso ritmo nada frenético de postagens. Tardamos, mas não falhamos.

Agora que vocês já leram bastante sobre o que rolou de bacana no Festival Brasileiro da Cerveja com os posts dos colegas do Bebendo BemEu Bebo SimHomini LupuloO Contador de Cervejas e o nosso anfitrião, o Clube de Cervejas Eisenkreuz, eis algumas coisas interessantes que trouxemos na bagagem.


Banner na entrada do Festival, na Vila Germânica, em Blumenau: bela lista de apoiadores

A paranaense DUM fechou com a conterrânea Gauden Bier. uma parceria para trazer de volta ao mercado a imperial stout Petroleum original. Pelo menos, é o que nos foi dito tanto pelo proprietário da Gauden, Ronaldo Flor, quanto pelo sócio da DUM Luiz Felipe Araújo.



Ainda que a versão da mineira Wäls seja excelente e mereça todos os prêmios que vem conquistando, só passei a comprá-la de vez em quando porque fiquei vidrado no conteúdo daquela garrafinha pequena com o silk branco de uma perfuratriz (ou coisa que o valha) em ação. Densidade pra lá de elevada e a cor completamente preta, opaca, fazendo jus ao nome, sem contar o sabor e aromas pronunciados de chocolate amargo. Uma das melhores do estilo - um dos meus preferidos – que já tive o privilégio de conhecer. Quando comparei as duas, a Wals me pareceu um pouco menos densa e trouxe aroma e sabor mais agressivos de lúpulo, com o malte mais para o café que para o chocolate. Do ponto de vista do teor alcoólico, são bem semelhantes.

A DUM aguarda, desde outubro do ano passado, o Ministério da Agricultura (Mapa) conceder o registro da cerveja, segundo soubemos. Uma vez que este saia, será dado sinal verde à produção. Espero que isso ocorra muito em breve.

A Wäls reteria o direito de produzir sua Petroleum, mas como não adquiriu exclusividade da paranaense, a terá como concorrente. A situação certamente será interessante.

No Facebook, o outro sócio da DUM, Murilo Foltran, explicou que quem teve a ideia foi a própria Wäls.

— Quando José Felipe Pedras Carneiro veio a Curitba propor a nossa parceria a primeira coisa que ele disse foi: "Falta uma cerveja preta na Wäls, e não queremos desenvolver outra receita. Queremos fazer Petroleum, e sabemos que vocês querem abrir a cervejaria de vocês e produzir Petroleum lá. Sendo assim, vocês têm todo nosso apoio e tudo que vocês precisarem vamos ajudar". Nesse momento, perguntamos a ele: "Aonde assinamos, mesmo?" Temos muito orgulho de fazer parte da história da Wäls. Esses mineiros são fodas! Foram as pessoas que sempre alimentaram nosso sonho de ter nossa cerveja na prateleira e nos ajudam até hoje com isso. Um dia fazemos um filme dessa história!

Segundo Foltran, a comparação entre as cervejas sempre vai existir:

— Sempre que me perguntam eu digo a mesma coisa: Ambas tem a alma da Petroleum. São duas leituras da mesma receita, uma com primming e outra sem. Perfis sensoriais um pouco diferentes, mas não deixa de ser Petroleum.

Vida dura de cervejeiro: na chegada, fui obrigado a tomar providência 

Logo na chegada, fomos obrigados a tomar uma Providência. Uma não, três. A paranaense Providência, de Cascavel, estreou no festival suas primeiras cervejas – a tríade básica Pilsner, Dunkel e Weiss. As três me pareceram corretíssimas em seus estilos, sem inovações. Para tirar a prova dos nove em casa, recebi deles um kit que me deixou com a mesma sensação. Cervejas corretas. Não entraram para o concurso do festival porque o registro do Mapa não saiu a tempo, diz o diretor de Marketing da cervejaria, Rodrigo Chervinski. Rótulos mais complexos virão futuramente, ele promete:

— Somos a única cervejaria da região. Precisamos conquistar o público e decidimos começar bem simples. Mas teremos lançamentos mais ousados mais adiante.

Leonardo Sewald, da Seasons no vocal da banda dos cervejeiros; ao fundo, José Felipe Carneiro, da Wals, no saxofone

Um detalhe interessantíssimo do fim da festa no sábado foi a banda dos cervejeiros. Mandaram bem em suas covers de rock n'roll, dando uma animada no público. Uma atração que, aliás, pode render ainda em várias outras ocasiões. 

Destaques etílicos

"Vinho de trigo" da Morada Etílica, em suas seis versões: sem dúvida, fico com a amburana

Fiz a prova do Wheat Wine da Morada Etílica nas suas seis versões, em diferentes madeira (amburana, bálsamo, cabreúva, carvalho americano, carvalho francês e jequitibá). Beberia um copão da amburana todo dia, sem enjoar, pro resto da vida. A Saison D'Uvá - assim mesmo, com acento no "a" - poderia vir fácil para rebater.

Na mineira Taberna do Vale, bebi a primeira dry stout que realmente gostei (pode ser falha de caráter minha, mas odeio Guinness). Sim, os gaúchos e catarinenses podem ter mais tradição – se é que se pode falar disso no Brasil, como me disse certa vez o Reinaldo Morado, da Larousse da Cerveja –, mas os mineiros estão com tudo.

Não me arrisquei na fila da KombIPA da Bodebrown. Aliás, mal consegui chegar no balcão da dita-cuja. Em compensação, tive um copo da 4blés tirado da torneira pelo próprio Samuel Cavalcanti. Bela cerva, repetiria tranquilamente. Como as belgas são minha praia desde quase o começo nesse caminho das cervejas artesanais, não me impressionou tanto. Trouxe na mala a Cacau IPA, que ainda não foi devidamente traçada.

Provei uma wit bastante honesta no estande da também paranaense Dalla. Outra que está começando no beabá, mas tem planos de realizar alguns experimentos no futuro.

A Gauden, a propósito, fez bonito no evento, tanto no visual quanto em sabores e aromas, com a série The Beers. A smoked porter Chicago Blues é um show de rótulo, literalmente, e uma cerva perfeita para quem curte sabores intensos. Me fez acreditar que tenho salvação para apreciar as cervejas defumadas, que eu julgava estarem além da minha capacidade.

 Os Blogueiros Brasileiros de Cerveja, pelo segundo ano, participaram da programação oficial do evento. No ano passado, o grupo realizou apenas sua reunião oficial de fundação, aberta ao público em geral. Este ano, os BBC promoveram um debate com representantes do mercado cervejeiro e dois painéis voltados para os interessados em mídias sociais especializadas em cerveja. Ano que vem, teremos mais novidades.

 O público do evento aumentou 25%, segundo os dados divulgados pelos organizadores, e a diferença na lotação do pavilhão da Vila Germânica foi nítida em relação ao ano passado. O único ponto negativo, já levantado pelo Goronah, derivou justamente dessa lotação: as filas. Não tanto para beber, com algumsa notáveis exceções. Mais para comer, já que as opções em conta, por assim dizer, não eram muitas. E, principalmente, filas para trocar seus meros reais pelos valiosos Ninkasi, única moeda aceita oficialmente nos estandes. Fica como sugestão aos organizadores, para melhorar nessa parte, a possibilidade de adquirir os Ninkasi também na bilheteria, junto com o ingresso.

Apesar de o público local, "catarina", ter sido maioria (chute nosso), foi possível escutar sotaques bem diferentes circulando pelo pavilhão. Só nos resta desejar longa vida ao evento e agradecer aos organizadores pelo apoio fundamental que vêm oferecendo aos BBC.

2 comentários:

  1. Eu fui! Foi ótimo! Um evento como nenhum outro!!!
    Já virei fã!
    Ótimo blog, estou explorando :)


    Elisa - estudante e blogueira

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  2. Seja bem-vinda, Elisa, agradecemos a visita !

    Pode explorar à vontade, foi feito pra isso ! =)

    Abs !

    ResponderExcluir

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