sexta-feira, 28 de junho de 2013

EXCLUSIVO - Em 100 anos, produção brasileira de cerveja cresceu 21.713,55%

Nos últimos 100 anos, o volume de cerveja produzido no Brasil cresceu 21.713,55%, segundo dados compilados por A Volta ao Mundo em 700 Cervejas nos relatórios sobre o mercado de lúpulo do tradicional grupo alemão Bart Haas, publicados anualmente desde 1909. Saltou de 59 milhões de litros produzidos em 1910 para 12,87 bilhões em 2010, de acordo com o documento mais recente disponível, divulgado no ano passado.


A cifra é tão espantosa quanto parece. Quando se compara os dados do Brasil aos dos países hoje considerados “nações cervejeiras”, a singularidade do caso brasileiro fica cristalina. Entre os demais, as variações são bem menos significativas, por motivos diversos que não cabem, obviamente, todos neste texto: Estados Unidos214,5%; Alemanha, 37,2%; Grã-Bretanha, -23,4%; Bélgica, 1% e Argentina, 1520,3%.


Como ficaria cansativo demais analisar ano a ano o século passado (fica para análises futuras), selecionamos como marcos o primeiro ano de cada década, para fazermos alguns breves comentários tentando contextualizar os números – que nem de longe terão a capacidade de esgotar as possibilidades de explicações para as variações nos números.

As pesquisas do Barth Haas foram interrompidas pelas duas guerras mundiais na primeira metade do século 20. A fim de evitar um hiato nesta análise na série histórica, por aproximação, consideramos o dado de 1938 para representar o número referente ao ano de 1940, e possibilitar os cálculos subsequentes quanto à evolução do quadro.

Ao fim da primeira década do século 20, com míseros 59 milhões de litros e algumas poucas cervejarias artesanais instaladas principalmente nas colônias germânicas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Brasil tinha exatamente a metade da produção dos hermanos platenses (argentinos). Já nesta época, EUA, Alemanha, Grã-Bretanha e Bélgica mediam suas produções em bilhões de litros, não mais em milhões – 7.4, 6.9, 5.8 bilhões e 1.8 bilhão, respectivamente.


A Fábrica de Gelo e Cervejaria Antarctica Paulista e a carioca Manufactura de Cerveja Brahma - Villiger & Cia já somavam 20 anos no ramo, mas dificilmente alguém imaginava que ambas se tornariam as principais potências do mercado. Só superaríamos os hermanos na década de 1950, com 400 milhões de litros contra 380 milhões, depois de o país ter passado por sua primeira fase de industrialização intensa, parte dela sob a ditadura do Estado Novo.

Enquanto isso, os países europeus tentavam se recuperar da destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial, que afetou severamente a capacidade de produção tanto por escassez de insumos quanto de instalações industriais fisicamente íntegras. Menos afetados em seu território, e recuperado da proibição nacional do consumo de álcool (Lei Seca), a produção cervejeira dos Estados Unidos decolou, passando de 6,3 bilhões de litros para 10,4 bilhões.

O Brasil vira “gente grande” em termos de volume de produção cervejeira em 1970, quando ultrapassa a barreira de 1 bilhão de litros e praticamente empata com a Bélgica. Os dez anos seguintes trariam o maior crescimento registrado no país por esta série histórica: 201.17%, levando o país aos 3.45 bilhões de litros em 1980.


 A década de 1970 foi marcada pela escalada de violência por parte da ditadura militar e dos grupos guerrilheiros, e também pelo chamado "milagre econômico", período de crescimento intenso da economia que é atribuído por muitos a supostos benefícios de um regime autoritário. Uma hipótese a ser investigada é que os principais players da indústria cervejeira tenham sido favorecidos pelas políticas desenvolvimentistas da época, como acesso facilitado a crédito para investimentos e isenções fiscais.

Após a redemocratização, mesmo sobre uma base ampla, nos anos 1980 e 1990, enquanto a revolução artesanal começava a se desenhar, a produção continuou subindo a níveis impressionantes, pulando para 5,8 bilhões de litros e depois para 8,2 bilhões. As taxas de crescimento foram de 68% e 42%, respectivamente. Na primeira década da união das duas maiores cervejarias do país – as já mencionadas Antarctica e Brahma, que formaram a Ambev – a produção retomou um ritmo de crescimento impressionante: 56%.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

EXCLUSIVE: Interview with Eric Rosenberg - Brewers Association

A group of representatives from the US' Brewers Association will be at Brasil Brau – the main beer business event in Latin America next week. They have an agenda, of course. A fair one, as we see it: to sell more US craft beers to the public here.

Here in Brasil, we don't have many of them, actually – shame on us. The reasons are many; to sum it up: high taxes, bad logistics and a lot of bureaucracy. The retail price for a 12 oz. bottle of Sam Adams Boston Lager (just to name a very common craft brand) in Brazil is R$ 15 (US$ 7,50).

Anyway, the american breweries have noticed that brazilians won't shy away from getting thein spite of the high prices. In this exclusive interview, we approached BA's head of the exports program (EDP), Eric Rosenberg with all this jazz. Check it out !


INTERVIEW // ERIC ROSENBERG, BREWERS ASSOCIATION

How many craft breweries from the USA are currently exporting to Brasil? Do you have an actual figure on the volume of exports for 2013 and years before, so i can measure the evolution?

We believe there are 10 US craft breweries now exporting to Brazil. We rely on a voluntary industry export survey for our data and there are certainly breweries that do not reply to that survey. So there could be some other breweries exporting small amounts to Brazil. But there are 10 breweries we are aware of and these would represent the vast majority of U.S. craft beer exports to Brazil.
Exports to Brazil in 2012 were estimated at about 4,600 bbls roughly equal to about $ 1.2 million. The previous year (2011), US craft beer exports to Brazil were estimated at 1,832 bbls. Exports increased by about 150% in the last year.

Do you see the interest in trading with Brazil growing among USA craft brewers?

We see interest growing among US craft breweries in exporting in general. Many breweries have invested in brewery expansion that has enabled them to increase production. This allows them to explore new markets for their products and the development of new sales channels is important. Some breweries are having success with exports to Brazil and this is attracting the attention of other U.S. breweries. So yes, I think interest in trade with Brazil will continue to grow.

A report written for BA in 2009 points to taxes and logistics as the main difficulties for companies trying to export to Brasil. That reality hasn't changed, internally, yet we've seen more USA craft breweries bringing their products to our country in the last couple of years. Why? Are they doing something special to deal with these issues? Have the incentives from the USA Department of Agriculture changed somehow?

The reality in terms of taxes has not changed. But some important changes have taken place in terms of logistics. Brazilian customs requires a health certificate for imported beer but only from approved laboratories in the US. Years ago there were few approved laboratories and most were affiliated with one of the big brewing companies. Now there are more laboratories approved to do the analysis for Brazil, making it easier for breweries to get this done. Also, when we first visited Brazil beer importers there were not set up to keep the beer under refrigerated conditions. This is important to most US craft breweries. There are now importers in Brazil capable of meeting this demand. So, the logistical situation has improved. The other reason you are seeing more US breweries expt to Brazil is simply that there is proven demand and the products are selling even though they are at a high price. As other breweries see that it is possible to have success in Brazil they become interested.

On a more "cultural" level, the american brews are generally known for their high hop content. Is that trend still on in the USA craft brew scene, or do you sense some change?

The American IPA beer style (which has a high hop content) remains very popular in the United States and is a focal point for many U.S. craft breweries. However, it is one of many different beer styles produced by American craft breweries. Most American craft breweries produce a wide range of products that vary in alcohol strength, malt flavors, and hop content. Sour beers were very popular in recent years. Seasonal offerings are among the best sellers. U.S. breweries are known for their innovation and U.S. consumers are generally eager to try new products though the American IPA style remains strong.

Last year, we've had the presence of two renowned USA brewers - Garrett Oliver from Brooklyn and Greg Koch from Stone - collaborating with brazilian companies (Wäls and Bodebrown, respectively). Do you believe we'll see more of that happening? Are USA craft brewers more interested in what brazilians are brewing?

Yes, I think there will be more visits from American brewers and collaboration with Brazilian companies. U.S. brewers are interested in the craft beer movement in countries around the world and many are eager to share and learn from their colleagues in the industry.

Last year, according to data I've gathered from the brazilian Ministry of Agriculture, the country had a record of new breweries in 2012 (31 registered, versUSA only 2 in 1992). You've had 409 last year (according to data from BA until March, 18th). Brasil is similar to the USA in population, though not in legislation and purchase power, etc, so the comparison is not 100% accurate, but... do you think we'll ever reach this level?

This is a difficult question to answer. The economy, political environment, and business environment are very important to the development of this industry. I do not know about Brazil’s laws and how easy it is for entrepreneurs to start a brewery/business. I don’t know how easy it is for them to access equipment or ingredients. I believe the craft beer industry will continue to grow in Brazil because consumers will continue to gain an appreciation for these products. As demand increases, there will be an incentive for new breweries to enter the market.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Maior fórum cervejeiro do mundo agora em versão brasileira - Conheça o HomebrewTalk




Maior fórum de cervejeiros caseiros do mundo, o HomebrewTalk chegou ao Brasil nesta segunda-feira (10/6), por iniciativa do cervejeiro Guenther Sehn, da Acerva Gaúcha. Sehn entrou em contato com a administração do fórum americano e firmou a parceria.

Uma ótima visão por parte desse cervejeiro, que trouxe, acredito eu, o que faltava para unir e reunir todos os povos cervejeiros. Diversos outros cervejeiros tinham a mesma ideia em mente: criar um fórum cervejeiro. Inclusive nós do 700. Sehn teve a ideia mais sensata, contatar quem já tinha uma larga experiência.

Atualmente, os cervejeiros estão concentrados nos grupos de discussão do Google das Acervas, que são muito regionais – ainda que um ou outro cervejeiro frequente os grupos que não são do seu estado. O principal ponto positivo da iniciativa é que, se boa parte dos cervejeiros aderirem à ideia, o poder de concentração de informações será imenso.

Isso será bom para todos, na medida em que vai "desafogar" os grupos das Acervas, cujo sistema de busca não é tão bom – o que acaba gerando diversos tópicos sobre o mesmo tema. Assim, os fóruns das Acervas poderão servir, quase exclusivamente, para pronunciamentos da diretoria e/ou assuntos internos, de modo geral.

Ainda faltam alguns detalhes a serem acertados, como algumas traduções, mas o fórum já está super funcional e funcionando. Vamos todos invadir o HombrewTalk e fazer desse fórum a maior concentração de cervejeiros do Brasil!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Poesia Cervejeira - Ouvir Cervejas

Ouvir Cervejas

(Olavo Lambic)


"Ora (direis) ouvir cervejas!
Certo, perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as garrafas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao fim dos goles, saudoso e em pranto,
Inda as procuro nos copos desertos.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo?"

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender cervejas"

Vem aí o Dossiê Especial Clubes de Cerveja 2013

Em agosto do ano passado, lançamos em A Volta ao Mundo em 700 Cervejas a análise mais aprofundada já feita sobre os clubes de assinatura de cervejas.

Separamos os dados em categorias, e os divulgamos junto com nossa metodologia, apontando o melhor em cada uma delas.

Foi a nossa maneira de responder às constantes perguntas dos nossos leitores e amigos. Vale a pena assinar algum destes clubes? Qual? Quais são as vantagens e desvantagens de cada um?


------ ATUALIZAÇÃO ÀS 16:25 ------

O clube que mais se destacou foi o Have a Nice Beer – que, não à toa, teve uma parcela comprada recentemente pelo Wine, maior e-commerce de vinhos do país, por valor não revelado. Diferentemente do que afirmaram a Folha de S. Paulo e a Exame, segundo o HNB, a participação da Wine não é majoritária.

----- FIM DA ATUALIZAÇÃO --- 

De longe, é o nosso post mais acessado, o que demonstra o interesse contínuo dos consumidores nesta modalidade de comércio eletrônico.

Porém, desde então, o mercado mudou. Alguns clubes se foram, outros chegaram. Acompanhar todas as mudanças tornou-se difícil.

Este ano, vamos repetir a dose e refazer essa análise. Pedimos que os clubes interessados em participar entrem em contato conosco, via email, e nos enviem informações sobre seus empreendimentos.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Não se faz mais cerveja como há 500 anos - Alguns mitos e fatos da Reinheitsgebot

ANDERSON SOARES DOS SANTOS*
ESPECIAL PARA A VOLTA AO MUNDO EM 700 CERVEJAS

Ninguém no mundo produz cerveja, atualmente, seguindo a lei bávara de 1516 que ficou conhecida como Reinheitsgebot ("lei de pureza"). Porém a maioria dos fabricantes escreve em seus rótulos: "Gebraut nach dem deutschen Reinheitsgebot”, algo que pode ser traduzido de forma livre como "produzida seguindo a lei da pureza alemã". "Nach dem" também pode ser traduzido como "após a" em sentido literal.

É lógico que um assunto como esse gere bastante controvérsia, mas certas coisas devem ser ditas. O que se tem, hoje, são cervejas produzidas depois das diversas alterações da lei. As que mais chegam perto das cervejas descritas no texto de quase 500 anos atrás são as Lambic - fermentadas por leveduras selvagens. Afinal, mais de três séculos e meio separam a venerada legislação da descoberta dos microorganismos responsáveis pela fermentação.

A lei, conhecida como RHG (Nota do Editor: Considerando o tanto que simplifica a nossa vida e a dos leitores, adotaremos esta abreviatura no blog), foi re-editada algumas vezes, por exemplo, para permitir a produção de cervejas de trigo. Uma das explicações mais recorrentes é de que o uso deste cereal havia sido proibido para evitar a escassez para a produção do pão.

A versão mais atual do texto permite que sejam usados, nas cervejas de alta fermentação, adjuntos como açúcar de beterraba e açúcar invertido. Também é possível dar cor com açúcar caramelizado. São permitidos ainda o ácido lático e qualquer tipo de filtração de ação mecânica e métodos rudimentares, como a produção de “Steinbier”  que utiliza pedras quentes para aquecer o mosto.

Polêmicas a base de química industrial

O antioxidante INS 316 e o estabilizante 405, no entanto, são “não-RHG”. Há controvérsias sobre a utilização de maltes que são cultivados tendo uma infinidade de defensivos agrícolas. Alguns defendem que nesse caso a cerveja “RHG” seria feita com bio-maltes (maltes orgânicos), pois os defensivos trariam substâncias não descritas na lei original.

Não é verdade que as novas leis da União Europeia permitam que cervejeiros alemães utilizem quaisquer outros ingredientes, entretanto, eles continuam a produzir cervejas tipo exportação que não atendem a “RHG”.

A discussão sobre as implicações da lei "de pureza" chegam até ao armazenamento e engarrafamento de cervejas. Visando a reduzir os custos de embarrilhamento e engarrafamento, segundo reportagem recente do jornal Südddeutsch Zeitung, a indústria desenvolveu a ideia – sinistra – de armazenar a bebida em sacos de plástico, que ganhou alguns adeptos entre as cervejarias. Logicamente, esse tipo de material adiciona odor e sabor, o que a tornaria não “RHG”.

O debate segue acalorado na Alemanha. Este tipo de armazenamento é semelhante ao dos sucos e lácteos para crianças, porém, em volumes muito superiores. Não existe mais romantismo. O engarrafamento é feito, se for feito, no país de origem, como acontece com alguns uísques e vodcas, que são diluídos e engarrafados para atender a legislações locais.

Chamar certas coisas de cerveja é puro descaramento

Há pouco tempo, vi circulando na internet uma espécie de bebida mista, produzida, segundo os fabricantes, pela “RHG” - eles teriam produzido a cerveja nos moldes da lei e depois adicionado o suco natural da fruta. Cervejarias como Krombacher, Warsteiner e Hafferöder estão embarcando nessa.

Chamar isso de cerveja é um descaramento total, claro. Mas sinaliza uma mudança importante. Na verdade, os alemães estão consumindo a cada dia menos cervejas, e os fabricantes têm criado formas de evitar essas perdas na lucratividade. Uma delas é a produção dessas ‘coisas. Algumas cervejarias se dedicaram até à produção de (excelentes) refrigerantes naturais.

É muito comum ver na Alemanha algumas aberrações (até industrializadas), como a Colabier, mistura de cerveja com "aquele refrigerante preto", e Radler, mistura abjeta de cerveja com limonada. Eu mesmo só tive coragem de beber uma Altbierbowle’, ou seja, Altbier com adição de frutas no copo (o que a torna um coquetel). Há uma infinidade destes, como o Bananenweizen (drink com suco de banana e uma porção de weizenbier), Altbreezer (Bacardi Breezer com altbier) e Kölsch Colada (sim, você leu certo, kölsch com suco de abacaxi e coco).

Não bastasse a já usual substituição de maltes por cereais de baixo custo e qualidade, alguns destinados à alimentação do gado, a indústria cervejeira já procura métodos para fermentação em que não sejam necessárias as leveduras. Num mundo como o nosso em que o lucro é mais importante que a qualidade, onde produtos são na maioria das vezes sintéticos, vejo a importância da RHG. Se nada for feio para regular a indústria, teremos cada vez mais produtos fakes.

Para alemães, ales dos países vizinhos dão gases

A maioria dos muitos cervejeiros artesanais alemães que conheci não dá importância à RHG. Alguns, poucos, se orgulham dela. Embora se possa beber uma nut ale em alguns cantos, as cervejarias a seguem.

Pelo que se ouve do povo alemão, pode-se perceber que há também algum orgulho da RHG, e um desprezo pelas cervejas de fora do país. Chegar a chamar as ales de países fronteiriços de “pups bier” ("cerveja que dá gases"), ou ami bier – essa coisa americana que às vezes pode parecer chá de boldo devido ao amargor profundo do lúpulo, ou absinto, pelo teor alcoólico. Eu mesmo, na confraria de cervejeiros alemães que ingressei quando morava lá, e da qual ainda participo, tive minha ‘Kellerpils’ chamada de ami bier, por estar um pouquinho de nada fora do amargor adequado ao estilo.

Os alemães, em geral, bebem boas cervejas. Na maioria, ou quase, pilsners. Poucas estrangeiras, exceto da República Checa. Também não é fácil encontrar uma altbier, ou uma kölsch fora de suas respectivas cidades originais, Düsseldorf e Köln.

A partir de 1993, passou a vigorar a Vorläufiges Biergesetz, lei provisória da cerveja que estabelece pequenas alterações à RHG. Qualquer emprego de técnicas modernas descaracteriza a a bebida em relação ao respeito à lei ancestral. Estampar nos rótulos ou seguir exatamente as alterações anteriores a 1993, portanto, seria uma forma de tradição, que pode não ter nada a ver com qualidade. Afinal, invocar uma lei de 500 anos é mais atraente do que estampar na sua cerveja a seguinte frase: “Feita de acordo com a lei provisória da cerveja de 1993.”


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* Anderson Soares dos Santos é Braubruder da “Worschtmarktbrauerbubenbieratenbartei” - WBBBB, confraria de cervejeiros caseiros alemães. Fez curso de produção de cervejas com o professor João Veiga e de coquetelaria com o professor Walter Garin. Um ano depois foi estagiário de cervejeiro na Alemanha, em 2012. A produção de sua ‘kellerbier’, batizada de “Cruz de Malte”, foi assunto de reportagens em alguns veículos de comunicação alemães e brasileiros.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Acerva Niterói vai comemorar o 1° aniversário com concurso de cervejas


Para comemorar seu primeiro aniversário de fundação, a Associação dos Cervejeiros Artesanais de Niterói (Acerva Niterói) anunciou nesta quinta-feira um concurso de cervejas aberto a cervejeiros de todo o estado do Rio de Janeiro, incluindo cervejeiros não associados.

As inscrições estão abertas e vão até o dia 30 de junho. Podem ser feitas neste formulário. Os cervejeiros associados terão que desembolsar R$ 20 por amostra; os não associados, R$ 40.

A lista dos vencedores será divulgada no dia 11 de agosto, na festa de 1 ano da associação, na Cervejaria Noi, em Itaipu.

Os estilos escolhidos pela organização com a ajuda dos cervejeiros em uma enquete no Facebook foram Mild (11A) e Specialty Beer (23), sendo o último caracterizado como Extreme Beer, ou seja, cervejas extremas com altas cargas de álcool, lúpulo, frutas, ou qualquer outro ingrediente não-comum.

Para ajudar a esclarecer os cervejeiros quanto ao que são as cervejas extremas, publicaram uma definição feita pelo cervejeiro da DogFish Head,  Sam Calagione:

"Cervejas feitas com quantidades extremas de ingredientes tradicionais ou cervejas feitas muito bem com ingredientes não-tradicionais."

Todas as demais informações encontram-se no regulamento. Sigam a Acerva Niterói no Facebook para acompanhar as novidades.

Regulamento na integra abaixo

quarta-feira, 5 de junho de 2013

"É hoje o dia da alegria, e a tristeza nem pode pensar em chegar" - Dia da Cerveja Brasileira 2013


Começou no ano passado. Discutimos a ideia no grupo dos Blogueiros Brasileiros de Cerveja (BBC), e a lançamos para os chamados players do mercado. A adesão foi imediata, e animadora. Não só de bares, cervejarias, lojas virtuais, mas das pessoas apreciadoras dessa bebida milenar.

Nossa inspiração? Um antigo cervejeiro catarinense, exemplo para todos, que aos 95 anos não tinha mais forças para ajudar trabalho árduo da fábrica, mas fazia questão de bater ponto todo dia na sua cervejaria. Assim, Ruprecht Loeffler, da Canoinhense, falecido em 2011, se tornou nosso símbolo.

A organização é feita atualmente por voluntários do BBC, mas toda ajuda é bem-vinda. Ano que vem, o "DCB" – como alguns já estão abreviando – será realizado novamente. Com um número ainda maior de adesões, acreditamos. E assim, sucessivamente.

Não temos bola de cristal, e nem somos adeptos da futurologia. Só podemos, portanto, trabalhar, esperar... e sonhar.

Sonhar com um país onde essa celebração, no mínimo tão importante quanto muitas outras, seja inserida em calendários oficiais. Um país onde as amarras que limitam o crescimento deste mercado e o acesso dos brasileiros a bebidas de alta qualidade não existam mais.

É um longo caminho, mas nós já começamos a trilhá-lo. A Revolução Cervejeira está em pleno curso. E nós fazemos parte dela, com muito orgulho.

UM BRINDE ÀS CERVEJAS BRASILEIRAS!