quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A cerveja e a concentração de mercado no mundo

por Jota Fanchin Queiroz

Publicado originalmente no blog O Contador de Cervejas, e republicado aqui com a permissão do autor.

A concentração dos mercados e o surgimento de mega companhias transacionais é um fenômeno do século XXI. Em diversos segmentos fusões e incorporações fazem com que permaneçam um número cada vez menor de players no mercado com produtos cada vez mais padronizados globalmente. E o mercado de cervejas é um exemplo clássico dessa concentração. Hoje apenas quatro grandes companhias dominam mais de 50% do mercado mundial. São elas a belga Ab-Inbev (22%), a inglesa SAB-Miller (14%), a holandesa Heineken (9%) e a dinamarquesa Carlsberg (7%).

Uma corrente de economistas apregoa que esse é o capitalismo moderno. Eu discordo frontalmente. Não é capitalismo, e sim um cartel público privado que atende aos mais diversos interesses, menos o dos consumidores. O próprio Adam Smith já alertava que nada é mais perigoso para o livre mercado do que a reunião entre empresários o que diria ele dessa concentração desmedida patrocinada pelos estados. Mas é a realidade, e o objetivo desse post é analisar a concentração nos principais mercados do mundo. Podemos analisar em três níveis de concentração: mercado concorrencial, concentração moderada e concentração elevada.

No primeiro grupo, entre os dez maiores mercados do mundo, apenas a Alemanha. O único país com um verdadeiro mercado concorrencial. Isso se deve ao valor que a cerveja tem na cultura do país e à impossibilidade de players internacionais penetrarem em seu mercado.

No segundo grupo, a surpreendente China, a Rússia e o Reino Unido, com concentração moderada e forte presença de pequenas cervejarias.

E com mercado dominados por poucas empresas (oligopólios), em ordem crescente de concentração: Estados Unidos, Espanha, Polônia, Japão, México e Brasil.

1.China (CM=50%)
Produção Anual: 45 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 35 litros/ano
Concentração de Mercado: 50%
A concentração de mercado na China ainda é moderada, até mesmo pelas dimensões do país. Felizmente ainda subsistem diversas cervejarias regionais. Das empresas que dominam o mercado duas são chinesas: Tsingtao e Yanjing; e duas são transnacionais: SAB-Miller (Snow) e AB-Inbev (Zizhulin).

2.Estados Unidos (CM=80%)
Produção Anual: 23 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 79 litros/ano
Concentração de Mercado: 80%
O bastião do liberalismo, em que pese a revolução das artesanais, é um mercado bastante concentrado. Duas empresas, AB-Inbev (Bud Light) e SAB-Miller (Miller) dominam 80% do market share.

3.Brasil (CM=98%)
Produção Anual: 12 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 58 litros/ano
Concentração de Mercado: 98%
Amplamente dominado pela AB-Inbev, o mercado brasileiro é um dos mais concentrados do mundo. Além da dominação absoluta da empresa belga, três grandes cervejarias completam a concentração quase absoluta: a holandesa Heineken (Kaiser), a japonesa Kirin (Schincariol) e a nacional Petrópolis (Itaipava).

4.Russia (CM=76%)
Produção Anual: 10 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 73 litros/ano
Concentração de Mercado: 76%
A Russia também sofreu uma forte concentração em seu mercado nos últimos anos. Três empresas apresentam juntas 3/4 de market share: Carlsberg (Baltika), Heineken (Efes) e Ab-Inbev.

5. Alemanha (CM=38%)
Produção Anual: 9,6 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 107 litros/ano
Concentração de Mercado: 38%
Apesar de ter o segundo maior consumo per capita do mundo, a Alemanha é modelo de mercado sem concentração. A tradição alemã fala mais alto, impedindo que os grandes players mundiais ganhem espaço. A Alemanha é realmente um país especial.

6. México (CM=98%)
Produção Anual: 8 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 61 litros/ano
Concentração de Mercado: 98%
Na mesma situação do Brasil, o México apresenta um índice de concentração altíssimo. Duas transnacionais dominam o mercado: AB-Inbev (Modelo) e Heineken (Femsa).

7. Japão (CM=96%)
Produção Anual: 6 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 49 litros/ano
Concentração de Mercado: 96%
Outro mercado absolutamente concentrado, mas com players nacionais: Kirin, Sapporo e Asahi.

8. Reino Unido (CM=75%)
Produção Anual: 4,5 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 81 litros/ano
Concentração de Mercado: 75%
Em que pese o CAMRA e a tradição das ales inglesas, é também hoje um mercado relativamente concentrado. Quatro grandes companhias dominam: Heineken (Foster's), Carling, AB-Inbev (Stella Artois) e Carlsberg.

9. Polônia (CM=90%)
Produção Anual: 3,5 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 85 litros/ano
Concentração de Mercado: 90%
Como os países em desenvolvimento, a Polônia apresenta uma forte concentração de mercado que é dividido por três companhias transnacionais: SAB-Miller, AB-Inbev e Carlsberg.

10. Espanha (CM=82%)
Produção Anual: 3,3 bilhões de hectolitros
Consumo Per Capita: 80 litros/ano
Concentração de Mercado: 82%
A Espanha tem um mercado parecido com o do Japão que, apesar da concentração, ao menos tem grande participação de empresas locais. As três dominantes: San Miguel, Heineken e Damm.

Fonte: www.biersekte.de

terça-feira, 28 de agosto de 2012

As 'andanças cervejeiras' de Maurício Beltramelli chegam ao papel em outubro

Bebendo a Stone Vertical Epic Ale 11.11.11, com pimenta chili, em San Diego, nos EUA  (Acervo pessoal)

A difusão da cultura cervejeira no Brasil deve muito a Maurício Beltramelli. Editor do Brejas, maior e mais importante site dedicado ao assunto no país, ele recentemente passou - literalmente - para trás do balcão, no comando do bar em Campinas que leva o nome do endereço eletrônico. Suas invejáveis experiências cervejeiras, que vão de visitas a muitos dos principais bares e cervejarias do mundo e a participação em numerosos eventos do setor, agora saltarão da web para o papel.

O livro ainda não tem título nem capa, e o prefácio do dono da Cervejaria Colorado, Marcelo Carneiro, está quase pronto, disse Beltramelli. O futuro autor antecipou com exclusividade ao blog A VOLTA AO MUNDO EM 700 CERVEJAS que a festa de lançamento deverá ser realizada no dia de encerramento do Beer Experience, evento cuja segunda edição será realizada em São Paulo, em 5 e 6 de outubro.

Nesta entrevista via Facebook (coisas da modernidade), Maurício Beltramelli conta como surgiu a proposta do livro, e também o que ele pretende abordar na obra - e como vai abordar.

Ilustração de André (Acervo pessoal)
A VOLTA AO MUNDO EM 700 CERVEJAS - Que aspecto do universo cervejeiro você pretende enfocar no livro? É um relato biográfico, é um estudo, mistura elementos de ambos?

Falo sobre cerveja de uma forma leve e divertida, exatamente como escrevo no Brejas. Durante toda a narrativa sobre história da cerveja, escolas cervejeiras, cerveja no Brasil etc, entremeio com histórias acontecidas nas minhas andanças cervejeiras, e também histórias das pessoas extraordinárias que conheci nesse meio.

Quando chegou à conclusão de que tinha que escrever o livro? A ideia era essa mesma desde o começo?

Não. Foi a LeYa que me chamou, por intermédio de Osmane Garcia (ilustrador), que foi meu aluno num curso e já curtia minha linha discursiva no blog do Brejas. Daí, ele me apresentou ao editor Paulo Almeida, e logo fechamos contrato. Foi em setembro de 2011, ou seja, estou há um ano dedicado a este projeto.

Como foi a pesquisa? Contratou gente para levantar dados? Foi pela memória, livros e pesquisas online? E entrevistas com pessoas do meio?

Tudo foi baseado no meu conhecimento, pesquisas bibliográficas e pela internet, bem como por entrevistas com diversas pessoas-chave no ambiente das cervejas - especiais ou não - do Brasil.

A que público ele se destina? É para leigos, iniciados?

No início, a ideia da LeYa era fazer um livro para leigos. Entretanto, no decorrer das pesquisas, fui achando informações tão interessantes que mesmo iniciados e profissionais vão se divertir bastante na leitura.

Em sua atuação como blogueiro, você tem sido uma voz favorável a mudanças na legislação, à mobilização dos empresários do ramo cervejeiro... o livro tem este caráter, também, de falar das questões do setor?

Procurei ser atemporal, mesmo porque o livro não pode ser um manifesto de caráter urgente. Caso não fosse assim, se amanhã a situação mudar (e torço pra que mude), corre-se o risco de a obra perder o sentido da noite pro dia. Toco no assunto, claro, mas não panfletariamente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cervejeiros caseiros americanos pedem receita da cerveja de Obama

A curiosidade em torno da receita da cerveja produzida pelos Obama na Casa Branca chegou ao ponto de fervura: eleitores postaram uma petição para que a Casa Branca divulgue a receita da Honey Ale que o presidente americano tem servido aos convidados em eventos.

O secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, afirmou no Twitter que se o número de votantes "alcançar o limite" (25.000 solicitantes até 17 de setembro), a receita será liberada. Até o fim da noite desta sexta-feira (24/8), o contador da petição, criada no último dia 18/8 (sábado) encostava nos 7 mil.

Ou seja... não deverá ser tão difícil chegar lá. Preparem os fermentadores.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Será o fim da cerveja Duff? Tomara que sim. Cara de pau precisa ter limite


O Bebendo Bem, do camarada Fabian Ponzi, destacou outro dia a notícia da YahooNews de que a 20th Century Fox está afiando as garras para perseguir juridicamente os fabricantes da cerveja Duff na Colômbia. O que podemos dizer? Que a empresa está combatendo o roubo de sua propriedade intelectual.

Há que se admirar a cara de pau dos irmãos Alvaro e Oscar Ballesteros de recorrer à ideia "genial" de que a cerveja se chama na verdade DuH. As chances de colar, entretanto, são inversamente proporcionais à coragem deles em defender essa tese. A própria empresa fundada pelos dois chama-se DUFF Sudamerica. A cerveja vem sendo marqueteada pelos distribuidores nos países onde está presente como Duff, sem exceção.

Mesmo aceitando-se essa tese esdrúxula, o rótulo, seja como for lido, é cópia exata do que aparece nos desenhos animados dos Simpsons, tendo sido criado pelos desenhistas da equipe deste. O advogado Santiago Mora diz que os Ballesteros vão lutar por seus direitos. Como representante legal dos irmãos, é o que se espera que ele diga. Só que nos parece difícil achar quais seriam os tais "direitos" dos dois nesse caso.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Acerva Niterói leva produção de cerveja para a rua e atrai cerca de 100 pessoas


Cerca de 100 pessoas compareceram à primeira demonstração pública de produção de cerveja - brassagem - promovida pela Associação dos Cervejeiros Caseiros de Niterói (Acerva Niterói), realizada no último sábado (18/8), no bar Cervisia 1516, no Centro da cidade. O evento estava programado antes mesmo da criação da associação niteroiense, e superou as expectativas do grupo. Ainda este ano, seus integrantes pretendem realizar outros eventos cervejeiros.

A Acerva-Niterói captou os contatos de mais de 40 interessados no processo caseiro. Quem assinou a lista de presença da brassagem pública teve a oportunidade de degustar dois copos do chopp Blonde Ale feito especialmente para a data - por sinal, muito refrescante.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

DOSSIÊ ESPECIAL CLUBES DE CERVEJA - Qual assinar? Respondemos à questão crucial

Modelo de negócios adaptado dos mundo dos vinhos, os clubes de cerveja por assinatura viraram febre no Brasil. Desde meados do ano passado, surgiram pelo menos oito no mercado.

Para responder às dúvidas que alguns de nossos leitores já levantaram (“Qual devo assinar? Vale a pena?”), decidimos desenvolver uma metodologia para comparar as opções disponíveis online. Chegamos a algumas conclusões interessantes para compartilhar com os que nos acompanham.

Um destes clubes (Mestre da Cerveja) encerrou as atividades há poucos dias, e outro (Clube do Malte) iniciou ainda agora – portanto, não aparecerão nesta análise. Ficamos com seis concorrentes: Clube da Cerveja, Clubeer, Happy new beer, Have a nice beer, Onbeer e Prova essa.

Preparem-se, porque esse vai ser mais um daqueles nossos loooongos posts... em compensação, procuramos avaliar todos os ângulos que nos ocorreram. Alguns certamente terão ficado de fora. Quem quiser contribuir, fique à vontade.

O GRANDE VENCEDOR da nossa comparação, conquistando três (1- Preço médio x Qualidade; 3 - Alcance x Frete; 4 - Serviços Adicionais, site e opções de pagamento) das quatro categorias analisadas, é o HAVE A NICE BEER. Um dos pioneiros do modelo, junto com o Clube da Cerveja, o HNB tem se destacado pela ousadia de estabelecer importação própria - um diferencial fundamental, pois traz aos aficcionados brasileiros rótulos que não estão comumente disponíveis no país.

Mereceram menções honrosas o ONBEER, que apresentou melhor resultado na comparação Preço x Quantidade e o PROVA ESSA, que empatou com o vencedor na categoria Preço médio x Qualidade.

Seguindo as orientações da Carta de Intenções da Convenção Nacional dos Blogueiros de Cerveja, adotada por este site, nos sentimos na obrigação de informar aos leitores que a equipe do 700 Cervejas já foi associada do Have a Nice Beer, cuja trajetória acompanhamos de perto. Deixamos essa condição de sócios em janeiro, quando decidimos que servia melhor aos nossos propósitos de caçadores de cervejas as explorações de rótulos sem o filtro dos especialistas, que são adequados para quem está iniciando.

E vamos aos itens!

domingo, 5 de agosto de 2012

Dia Internacional da Cerveja - Tem lá em casa!

Pois é, cervejeiros e cervejeiras que nos acompanham, hoje (5 de agosto) é o Dia Internacional da Cerveja!

O Dia Internacional da Cerveja foi criado em 2007, por um grupo de amigos que se reunia regularmente no mesmo bar: Jesse Avshalomov, Evan Hamilton, Aaron Araki, Richard Hernandez, Tyler Burton e Ryland Hale.

Hoje, quem comanda a festa são Avshamolov - com quem já conversamos no ano passado - e Hamilton. A celebração está crescendo a olhos vistos. No ano passado, foram 278 eventos oficiais em 138 cidades de 23 países. Em 2012, são 353 eventos em 207 cidades de 50 países.

Nas redes sociais, as tags usadas pelo movimento são #diainternacionaldacerveja e #IntlBeerDay.

E nesse dia tão auspicioso, alguns integrantes dos Blogueiros Brasileiros de Cerveja (BBC), do qual orgulhosamente fazemos parte, seguem a tradição de abrir a geladeira e mostrar o que #temlaemcasa. A brincadeira começou no ano passado e este ano estamos nos juntando a ela. Portanto, lá vai:

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

DataCerva informa: preço da cerveja aumentou mais de 10% desde o ano passado

Que beber cerveja ficou mais caro desde o ano passado, qualquer bom bebedor percebe e até os maus bebedores desconfiam. Mas quanto mais caro? Como nossos leitores sabem, a cerveja é um dos itens considerado no principal termômetro da inflação do IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pelo que pudemos comprovar analisando dados do IPCA, a inflação da cerveja é maior do que o dobro da inflação, em média, demais produtos vendidos nas principais regiões metropolitanas brasileiras.

Para descobrir a resposta, o DataCerva, instituto de pesquisas cervejológicas aplicadas de A Volta ao Mundo em 700 Cervejas, foi conferir os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É um trabalho chato buscar informações no meio daquela numeralha, mas - acreditamos - alguém tem que fazê-lo. Vida de cervejeiro também pode ser dura...

Nos últimos 12 meses, ou seja, de julho de 2011 a junho deste ano, segundo os dados mais recentes divulgados pelo IBGE, o preços da cerveja consumida em casa subiram 11,28% e da cerveja fora de casa, 10,76%. No mesmo período, os preços de produtos em geral aumentaram, em média, 4,92%.

A maior parte do aumento ocorreu no último semestre do ano passado. Já nos seis primeiros seis meses de 2012, o resultado foi o seguinte: