segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Nem toda bolha é de CO₂: o risco do otimismo exagerado no mercado nacional de cerveja

A produção brasileira de cerveja, atualmente, é da ordem de 13 bilhões de litros por ano, segundo dados da Receita Federal. É o terceiro maior mercado mundial, atrás de China e EUA. Antes de qualquer exercício de futurologia - vemos cada vez mais por aí - sobre os rumos do mercado nacional, que têm sido infelizmente muito comuns, é preciso refletir sobre a magnitude da cifra. Dez por cento de 13 bilhões são 1,3 bilhão de litros. Um por cento de 13 bilhões são 130 milhões de litros. Zero vírgula um por cento representam 13 milhões de litros.

Ou, se preferirem, uma cervejaria capaz de 1 milhão de litros por mês. Guardemos isto, portanto:

0,1 ponto percentual (p.p.) de mercado = uma cervejaria de 1 milhão de litros por mês

Vocês perceberão adiante, espero, a importância desta reflexão.

O país é praticamente autossuficiente no produto. As exportações representam uma fatia quase desprezível do total, ficando na faixa dos 50 milhões de litros por ano. As importações têm patamar semelhante, também equivalente a 0,4% do total. Os dados podem esconder alguma subnotificação provocada por sonegação de impostos, mas são estatísticas oficiais e detalhadas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

O volume do que se pode chamar de cerveja artesanal, contudo, parece pertencer ao reino da física quântica. Com os dados disponíveis, só pode ser estimado.

A Receita Federal não separa em suas estatísticas a produção industrial da artesanal. Nem revela, por questão óbvia de sigilo fiscal, os volumes que cada companhia produz. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) diz que não monitora o volume de produção, e sim as condições de produção.

A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) estima que haja 200 cervejarias artesanais, e este número é repetido cegamente por diversos especialistas e pseudoespecialistas cervejeiros porque vem de representantes idôneos, até onde se sabe, do setor. A Abrabe tem em seu quadro de associados 39 empresas, nem todas produtoras de cervejas.

O MAPA concedeu, como já mostrei em reportagem, 232 registros de cervejarias só de 1974 a 2012 - novamente, claro que existe subnotificação, porque nem todos os estabelecimentos já se submeteram ao penoso processo de certificação, que pode durar até cinco anos, como comprovou um cervejeiro carioca. Os dados deste ano ainda não foram fechados, mas apontam uma tendência de queda em relação ao ano passado, que foi o pico, com 31 registros. O MAPA disse que não poderia detalhar quais estão efetivamente produzindo.

Os números de registros foram mínimos nas décadas de 1970 e 1980, mas os dados da produção brasileira tiveram o maior avanço da história, segundo a compilação feita por nós a partir dos dados do grupo Baarth Haas. Isso comprova, por sua vez, como o programa de industrialização dos militares, voltado para a criação de grandes grupos brasileiros, com poder de fogo para disputar mercado internacional, moldou o cenário cervejeiro nacional.

A Receita Federal, por sua vez, informou-me ter registros de 595 estabelecimentos produtores de cervejas e chopes no Brasil, sendo 425 matrizes e 170 filiais. Novamente, a ressalva de que não havia a contabilização de quantas estavam em atividade.

Existe base para supor, portanto, que o número da Abrabe esteja subestimado.


EXERCÍCIO DE CÁLCULO

Noves fora, a mesma associação estima em 0,15% o mercado artesanal, o que representaria algo em torno de 20,5 milhões de litros por ano, média de 8,5 mil litros/mês por cervejaria (considerando o número de 200).

Os números e os nomes dos 65 estabelecimentos produtores inscritos no Sicobe fornece uma outra pista. Deles, apenas 21 não pertencem a alguuma das quatro maiores cervejarias do país. Entre há cerca de dez razões sociais ligadas a cervejarias artesanais de renome. As outras representam cervejarias industriais (fabricantes, normalmente, de standard american lagers) de alcance regional, mais comuns no Nordeste e no Sul.

O Sicobe, obviamente, não capta todas as cervejarias. Existem aquelas que a Receita considera que o custo da instalação do sistema de monitoramento (que inclui as famosas câmeras fotográficas para registro das garrafas na linha de montagem) é maior do que o benefício a ser obtido pela fiscalização.  

A única pista, quando perguntei ao auditor da Receita responsável pelo programa de monitoramento da produção de bebidas do país, o Sicobe, foi de que o sistema cobria 99,7% da produção nacional. Assim, teríamos 0,3% que não vêm das "sicobadas", o que corresponde a cerca de 40 milhões de litros.

Considerando que o critério da Receita Federal para instalar o sistema é a economicidade, e o Sicobe abrange pouco mais de 10% do total de registros de unidades produtoras de cervejas, podemos inferir que as produtoras destes 40 milhões de litros, ou pelo menos sua maioria, correspondem à classificação de artesanais. Estimando em 2/3 de artesanais entre as não sicobadas (0,2%), teríamos só aí 26 milhões de litros.

Entre as sicobadas, o CervBrasil, sindicato que reúne as quatro grandes (Ambev, Petrópolis, Kirin Brasil e Heineken) reivindica participação de 96%. Somando 0,4% de importações e 0,3% de não-sicobadas, concluímos que os 21 estabelecimentos produtores não pertencentes aos grandes grupos corresponderiam, portanto, algo como 3,3% do mercado. Dentro deste percentual, não é exagero supor que as artesanais sicobadas correspondam a pelo menos 0,05%, e as industriais de menor porte, aos 3,25% restantes. Seriam, assim, mais 7,5 milhões de litros, total de 33,5 milhões de litros por ano, ou 0,25% do mercado. Para arredondar, 35 milhões de litros/ano.

Novamente, portanto, existe base para supor que o número da Abrabe esteja subestimado.

Dizem que a produção artesanal brasileira chegará a 2% do mercado até 2020 ou nos próximos dez anos, ou em 20 anos. A meta é esticada, claro, cada vez que se aproxima. Não é à toa. Tem gente que propõe elevações de 15% ou 20% ao ano nos próximos anos, sem citar níveis de produção, e esquecendo que a tendência de qualquer aumento percentual é se reduzir à medida que a base de comparação vai crescendo.  

Dois por cento do mercado brasileiro significam nada menos que 260 milhões de litros. Considerando os dados recalculados acima, seria necessário aumentar em mais de seis vezes a produção artesanal atual.

Ou seja, seria necessário que brotassem mais 225 cervejarias artesanais no Brasil, todas capazes de produzir 1 milhão de litros por ano.

Vamos repetir o número, por extenso. Duzentas e vinte e cinco. Duas centenas, duas dezenas e cinco unidades. Seriam mais de 22 por ano, quase duas por mês, ao longo de dez anos. Ou dez por ano, uma por mês, ao longo de duas décadas.

Já imaginou?

Hoje, 18 anos depois do aparecimento das primeiras artesanais da nova geração, como a Dado Bier e a Colorado, quantas com tamanha capacidade existem no país hoje? Alguém sabe apontar?

Difícil, porque elas mesmas não gostam de responder a esta pergunta. Alguns blogs já tentaram e se decepcionaram com a falta de retorno dos questionários. Mas podemos dizer que as talvez dez mais renomadas estão na faixa dos 30-50 mil litros por mês declarados, sendo umas três ou quatro em torno de 100 mil litros por mês. A Krug Bier, possivelmente a maior do Brasil, chega a 200 mil litros por mês.

A Wäls, que afirma produzir 30 mil litros por mês, está investindo para chegar ao patamar de 1 milhão por mês... em 2015. Das demais, talvez a Colorado tenha fôlego para arriscar manobra semelhante. Ela já tem até exportado o produto. As exportações, afinal, são isentas de impostos, o que torna suas cervejas mais competitivas em mercados estrangeiros.

Ok, já são três. E as outras 222? Onde está o incentivo para que isso ocorra?

Seria maravilhoso, mas... qual a probabilidade de acontecer? É plausível, olhando para a situação do país hoje, defender de forma realista que um cenário assim se concretizará sem que mudanças profundamente radicais e extremamente improváveis ocorram na sociedade brasileira e na administração pública no país?

Não vou nem falar da renda do brasileiro, que mesmo com o avanço significativo nas últimas décadas, encontra-se ainda num nível lamentável quando comparada às demais nações cervejeiras tradicionais e mesmo algumas emergentes.

Muito menos abordar os impactos negativos da crise econômica global que já dura cinco anos e ainda não dá sinais de que vá desaparecer. Digo apenas que não são nada animadoras as projeções de entidades como o Federal Reserve (Banco Central dos EUA), Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Central Europeu (BCE).


EVOLUÇÃO NOS EUA NÃO É PARÂMETRO 

Qualquer comparação do mercado do Brasil com o dos EUA é completamente inadequada. Além do abismo entre os dados econômicos da população dos dois países, lá, houve uma conjunção de fatores que inexiste aqui. E existe, antes de mais nada, um ambiente jurídico e tributário favorável aos empreendimentos privados de pequeno e médio porte que não está presente aqui.

É preciso lembrar que antes da Lei Seca (Emenda Constitucional 18), que entrou em vigor em 1920, a produção americana já era uma das maiores do mundo, disputando com os mercados europeus tradicionais em grandes volume como Alemanha e Inglaterra. Algumas cervejarias maiores sobreviveram diversificando a produção, voltando-a  para as bebidas não alcoólicas.

Em 1933, quando foi repelida pela Emenda Constitucional 21, as empresas puderam retomar os negócios, mas estavam em meio à Grande Depressão e o plano do secretário de Estado dos EUA, George Marshall, para reanimar a economia. E a crise econômica, como vemos agora, não é boa para o mercado cervejeiro. A cerveja, afinal, é para muitos um produto supérfluo.

Veio ainda por cima a Segunda Guerra Mundial, que fez a produção cair, na medida em que commodities importantes como trigo e cevada precisavam ser direcionados plenamente para o mercado de alimentos. As décadas seguintes foram também marcadas por conflitos, como as guerras da Coreia e do Vietnam, que também tiveram seus impactos.

Em 14 de outubro de 1978, o presidente Jimmy Carter sancionou a lei 1337, conhecida como Homebrewing Act, que permitia a produção caseira, que não permitia sua venda, mas autorizava o uso em atividades como feiras, degustações, julgamentos (campeonatos), etc. Foi o que fermentou o avanço da chamada cultura cervejeira, por meio de expoentes do "homebrewing", como Charlie Papazian. Mais ou menos uma década depois de entrar em vigor a lei, começaram a pipocar as artesanais.


VÁCUO LEGISLATIVO LIMITA MERCADO BRASILEIRO

O Brasil não tem uma lei que regulamente a produção caseira e a questão das feiras e dos campeonatos. Não à toa, tais eventos vem sendo constantemente ameaçados pela ação de fiscalização do governo. Não possui, tampouco, lei estabelecendo tratamento diferenciado para a produção artesanal comercial de pequena e média escalas. Não existem sequer os anteprojetos.

A mudança da regulamentação da produção cervejeira que o MAPA pretende propor ao Mercosul, que deve demorar pelo menos uns dois anos para entrar em vigor, regulariza o uso de certos aditivos como flores, mel, chocolate. Na prática, limita-se a abrir a possibilidade de as cervejarias brasileiras competirem em condições de menor desigualdade com as artesanais importadas, principalmente as europeias e americanas. Não terá qualquer influência na questão tributária.

O pleito de algumas artesanais - reunidas na Carta de Blumenau, lançada no Festival Brasileiro da Cerveja do ano passado - é a inclusão do segmento no Simples. O sistema, no entanto, tem a limitação de faturamento. Só pode beneficiar empresas que faturem até R$ 3,6 milhões por ano. Desta forma, uma empresa que produza 100 mil litros por ano e os venda, na porta da fábrica, a R$ 5, já se encontra além do enquadramento na facilidade fiscal.

Mesmo assim, os sinais não são favoráveis. O ministro-chefe da Secretaria Especial da Pequena e Média Empresa, Afif Domingos, tem insistido na necessidade de incluir mais setores no sistema simplificado de tributação, mas o governo não dá sinais de que pode atender à reivindicação.

Pesa sobre o setor cervejeiro, ainda o ônus de ser um setor com um "custo social" elevado, devido aos problemas de saúde associados ao abuso de álcool. Sem contar a patrulha religiosa contra a bebida, que deve se fortalecer juntamente com os movimentos neopentecostais, como já vemos acontecer.

Aos que estão vendendo - "no limite da irresponsabilidade", como diria um certo ex-diretor de banco de investimento - um futuro de bonança absoluta para o mercado cervejeiro artesanal, resta aconselhar que guardem os óculos com lentes cor de rosa antes de olhar para o mercado.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As 10 piores cervejas do mundo, segundo o Ratebeer - e o que os bebedores dizem delas


Fórum online é lugar onde cervejeiro chora e a mãe não vê. Os internautas não costumam ter papas na língua para criticar as bebidas que não gostaram. Quando a bebida vem de uma megacervejaria, então, as críticas ganham ares de zombaria. É o que se pode concluir a partir da análise do ranking das cervejas com as piores notas no Ratebeer.

Selecionamos abaixo algumas pérolas dos bebedores para as dez primeiras colocadas do ranking infame. Só se pode imaginar as reações que resenhas deste tipo provocariam no nosso melindroso mercado artesanal brasileiro...


1) Natural Light
1168 resenhas  

Por que as pessoas bebem esta abominação está além de mim. Mesmo intoxicado, ainda tem um sabor ruim... como urina de gato diluída em água. - nburriola10

Gosto de água de rio amarelo com placenta defumada. Aroma de uma boa névoa de agosto na Flórida (...) - AdamBeer1


2) Natural Ice
827 resenhas

Cor dourada. Boa espuma. Dá um brilho legal. Gosto é horrível. Aroma é aguado e fraco. - tnkw01

Mais pálida que Kristen Stewart com menos 'cabeça' que Ichabod (Crane, o Cavaleiro sem Cabeça) -  tectactoe

3) Olde English 800 3,2
80 resenhas

Fortes notas de mijo, 'felinidades' e coisas geralmente ofensivas. - Homer321

JEzzusss!! Quem em sã consciência beberia esta m****? Parece que eles conseguiram sintetizar a urina de mendigos e engarrafá-la. Bebi um gole e quase vomitei. Preferiria beber desentupidor de ralo do que isso - rick70

4) Milwaukee’s Best Premium
834 resenhas

Uma cerveja realmente barata com aroma e sabor para provar porque é tão barata. - bpar37

Magra, aguada, fedida, e desprovida de sabor. Evite. - Thechasm442


5) Michelob Ultra
1207 resenhas

Se você está de olho nas calorias, então vá em frente e beba esta pobre imitação de cerveja. De outra forma, eu a descreveria como outra cerveja de merda com cor de mijo da Busch sem nenhum sabor. Estou melhor bebendo água tônica - nburriola10

(...) Se água destilada pudesse ser fermentada, teria um gosto assim. Parece que alguém pegou uma pipeta de vidro, encheu com um pouquinho de queijo cottage sem sal, e jogou uma porção disso na cerveja. (...) Estou exagerando, mas sério: não beba Michelob Ultra - Valse

6) Sleeman Clear
136 resenhas

Eu a consideraria algo como água sabor cerveja. Sem retrogosto, é claro, uma vez que não havia nada lá pra começar - mmacleod75

Isto literalmente cheira a llixo. (...) Nunca cheirei um ferimento a bala aberto, mas isto parece bem próximo. Tem gosto de lixo também. - AWS9

Se você não gosta de cerveja, provavelmente vai gostar de Sleeman's Clear, uma vez que há muito pouco sabor a ser encontrado aqui. (...) - cards04

7) Busch Ice
159 resenhas

A melhor parte desta cerveja é que ela é 5,9% - então, mesmo que você esteja praticamente bebendo água, ao menos você vai sentir algo mais rápido. Então, êêê ? - maxwelldeux

O que posso dizer? Eles pegaram a Busch e a fizeram piorar. Que pena que não posso dar nota abaixo de 0,5 aqui. - BMMillsy
8) Budweiser Select 55
195 resenhas

A melhor coisa que se pode dizer dessa Bud Light aguada é que ela realmente parece com uma cerveja.annunz123

Eu sei que isto é club soda, mas faz com que ela fique amarela? É cheia de bolhas e um pouquinho ácida. Até a lata é entediante. - ZOSEPH

Isto realmente conta como cerveja? Tenho certeza que eles conseguiriam reduzir para 0 calorias se tentassem realmente com força - Cbuk1013

9) Bud Light Chelada
296 resenhas

(...) No começo pensei que não era tão ruim, mas que diabo, é sim - yngwie

(...) Tem cheiro e gosto como se alguém tivesse vomitado coquetel de camarão. - Odeed

O nariz é molho de tomate vagabundo e pimenta preta. O sabor é de massa de tomate enlatada com mais pimenta. Despejada no ralo. - Chudwick

Ok, eu vi esta por aí e um companheiro de copo me desafiou a prová-la. Ele estava certo, se eu pudesse dar uma nota menor, daria. - nike

10) Milwaukee’s Best Light
494 resenhas

Não tenho certeza se já bebi uma cerveja que tem menos sabor de qualquer coisa do que esta cerveja. Minha melhor descrição é "água suja", mas mesmo isso seria um insulto à água. Bleh. - maxwelldeux

Água com uma sugestão de açúcar de milho e arroz. Me lembra da Bud Light. Sim, é ruim assim. Nenhuma qualidade redentora, exceto que foi de graça. - DW78715816

Eu tinha expectativas bem baixas e ela falhou em alcançá-las. (...) - AndyW68

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Corona é a marca de cerveja mais valiosa da América Latina, diz consultoria



A mexicana Corona é a marca de cerveja mais valiosa da América Latina, de acordo com estudo da Millward Brown, empresa de pesquisas do grupo WPP, divulgado nesta terça-feira. O valor é estimado pelos analistas em US$ 6,6 bilhões.

No restante da lista, só brasileiras: a Skol foi vice (US$ 6,5 bilhões), seguida de Brahma (US$ 3,8 bilhões), Crystal (US$ 1,4 bilhão), Antarctica (US$ 1,28 bilhão) e Bohemia (US$ 1 bilhão).

Os valores aumentaram em relação ao último levantamento, em 2012. O da Skol era de US$ 4,7 bilhões (alta de 38%), o da Brahma, de US$ 2,3 bilhões (65%), e o da Bohemia, de US$ 697 milhões (42%). A Crystal não aparecia no ranking anterior, que capta as 50 marcas mais valiosas de todos os setores.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Alemães fazem cerveja na máquina de lavar

Quem disse que ela só serve para lavar roupa suja? Foto: Reprodução/KNA TV


ANDERSON SOARES
ESPECIAL PARA A VOLTA AO MUNDO EM 700 CERVEJAS


Sabão em pó, amaciante e alvejante. Não, peraí... água, malte, lúpulo e levedura?

Fazer cerveja é simples. Basta juntar o malte moído, a água quente, o lúpulo e jogar tudo na... máquina de lavar?!

Sim, caros leitores, é isso mesmo que vocês leram. Tem cervejeiro fazendo suas produções caseiras usando aquele eletrodoméstico que, para os sem-imaginação, serve apenas para dar jeito nas roupas sujas. Acontece na Alemanha (onde mais?), e, pasmem, não é nem tão incomum.

Foi o que descobri quando postei, de brincadeira, uma foto minha segurando a braupaddel ("colher cervejeira") em frente à máquina de lavar. Reparei que nos comentários um braubruder perguntava se eu estava na “onda” de fazer cervejas em máquinas de lavar.

Respondi imediatamente que não. Achei que era uma piada. Afinal, os alemães - contrariando a fama internacional de sisudos - fazem muitas piadas. São um dos povos mais brincalhões que conheci.

Na mesma hora, ele me mostrou links de pessoas que produziam suas cervejas - ach du lieber - em máquinas de lavar. Nestes tempos de maquininhas automáticas, alguns cervejeiros caseiros resolveram transformar suas máquinas de lavar velhas em verdadeiras waschmaschinenbier - se me perdoam o neologismo.

Produção cervejeira exige adaptação intensa da máquina de lavar. Foto: Reprodução/KNA TV

Mas não se faz cerveja simplesmente despejando os ingredientes numa máquina de lavar qualquer. O equipamento precisa ser todo modificado, incluindo a parte lógica da máquina, com o auxílio de um computador. Os ingredientes são colocados em um saco de pano, como na técnica do Brew in a bag (BIAB).

O resto é aproveitamento do hardware. As máquinas de lavar na Alemanha são capazes de aquecer a água a temperaturas na faixa de 60° C a 75° C, o que está dentro das principais faixas enzimáticas e a modificação permite total controle de temperatura por parte do cervejeiro, incluindo fervura.

Se vocês pensaram em sabores indesejados ou até intoxicação por metais pesados ou bisfenol, saibam que na Alemanha tais produtos são abolidos, não podem ser utilizados.

O cervejeiro Michael Fey. Foto: Reprodução/KNA TV
Estão curiosos? Então deem uma olhadinha no site do Michael Fey. Na seção Downloads, vocês podem encontrar todo o esquema para montar seu equipamento.

O Michael foi tema de uma reportagem da emissora de TV alemã KNA, que pode ser vista em alemão, claro. Também podem visitar o site do Marko Odders, outro expoente desta polêmica técnica de brassagem.

Bem amigos... recomendo que não repitam isso em casa. A menos que queiram arriscar de perder suas esposas.



Anderson Soaresé membro da Worschtmarktbrauerbubenbieratenbartei (WBBBB), trabalhou na Kieler Brauerei na Alemanha. Foi aluno do cervejeiro João Veiga, é “barman”, destilador artesanal, eventual colaborador deste blog e amigo de um monte de bons cervejeiros no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Os monges trapistas do Brasil não fazem cerveja artesanal. Nem pretendem

Orações ocupam a maior parte dos dias dos monges. Foto: Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo


Os monges do mosteiro trapista de Nossa Senhora do Novo Mundo despertam às 2h45, antes de o sol despontar. Quinze minutos depois, já estão se dedicando ao "ofício divino", que lhes consumirá grande parte do dia. Vigília, orações, meditação, leituras, consomem as três primeiras horas, com uma pausa para o café da manhã. Às 6h, a missa e as ações de graças ocupam-lhes mais duas horas.

Estão prontos, espiritualmente, para um expediente diário de mais de quatro horas de trabalho. Às 12h30, pausa para o almoço, e os monges têm algum tempo livre, até que voltem ao trabalho ou se dediquem aos estudos teológicos, com aulas, reuniões, conferências. Depois do jantar, que começa por volta das 18h, mais alguns minutos de tempo livre.

Congregação reunida: origem em Genessee, Nova York
Foto: Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo
Às 19h30, depois de mais um pouco de dedicação ao "ofício divino", se recolhem aos seus aposentos, para repousar. O dia seguinte, afinal, não será muito diferente. A rotina é dura. Rezar e trabalhar. "Ora et labora", é o lema de São Bento.

O mosteiro de Nossa Senhora do Novo Mundo fica na pequena Campo do Tenente (PR). Começou com quatro monges vindos da Abadia Nossa Senhora de Genessee, em Nova York (EUA), que chegaram ao país em 1977 e se instalaram inicialmente, por seis anos, no município da Lapa (PR). Hoje, são 21.

Já o mosteiro Nossa Senhora de Boa Vista, em Rio Negrinho (SC), foi fundado em 2010 por oito monjas -  uma italiana, quatro chilenas e três brasileiras - que antes estavam instaladas em Quilvo, no Chile.

Os bebedores que sonham com uma autêntica cerveja trapista "brazuca", porém, vão se decepcionar. As probabilidades de algo assim acontecer parecem baixas. Os trapistas do Brasil não produzem cerveja e não estão muito interessados no assunto. Em entrevista por e-mail ao blog A Volta ao Mundo em 700 Cervejas, o irmão Gabriel Vecchi, do Nossa Senhora do Novo Mundo, diz que ambos os mosteiros seguem a produção do que já estavam acostumados em suas comunidades de origem - nenhuma delas cervejeira:

- Nenhuma das nossas comunidades trabalha com cerveja. Não há uma razão específica para a não-produção da bebida por parte dos dois mosteiros no Brasil. No momento em que uma comunidade é fundada, ela deve definir quais serão seus meios de subsistência. Isto geralmente é influenciado pelos meios já desenvolvidos pela comunidade fundadora. É mais seguro continuar num ramo conhecido do que lançar-se numa atividade totalmente nova.

E o que produzem, então?

Lavoura é uma das principais atividades do mosteiro
Foto: Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo
- Nós temos uma lavoura e também produzimos bolos, mel e biscoitos; as monjas, por sua vez, trabalham com chocolates e cartões - conta Irmão Gabriel.

O religioso demonstrou estar bem a par da reputação dos produtos trapistas:

- Como deve saber, vivemos sob a Regra de São Bento, cujo lema de "ora et labora" impregna todas as nossas atividades e é o verdadeiro segredo da qualidade e do zelo com os quais nossos produtos são desenvolvidos. Cada comunidade de nossa Ordem é autônoma e isto significa que ela deve buscar seus próprios meios de subsistência. Algumas se dedicam à produção de cervejas, outras à produção de queijos, chocolates, geleias, pães, bolos, mel, etc. Há muita diversidade no que concerne às atividades desenvolvidas - explica ele.

Despediu-se apontando - corretamente - a Bélgica e a Holanda como os principais locais de produção de cervejas entre os trapistas, e recomendando que entrássemos em contato com a abadia de Scourmont, responsável pela produção das Chimay.

ATUALIZAÇÃO ÀS 12h DE 11/9/13:

Logo após a publicação do post nas redes sociais, fomos informados por um leitor que dois monges que seriam trapistas, instalados na Serra da Cantareira, fizeram curso de produção artesanal na Sinnatrah Cervejaria Escola, e têm comprado insumos regularmente. Claro que de dois monges fazendo cervejas na panela para uma cerveja trapista com produção em alguma escala o devido selo de autenticação vai uma distância grande. Mas já é um alento. Há esperanças.

Regra de São Bento prevê hospedaria para visitantes e peregrinos. Foto: Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo


Primeiro mosteiro foi instalado em SP e durou 27 anos

Após uma aparição esporádica durante a ocupação francesa no Brasil Colônia, os trapistas se instalaram no Brasil já no começo do século 20. Vieram do mosteiro Sept Fons, na França, em 1903 e ficaram primeiro em um terreno em Cananeia, no litoral de São Paulo. Em vez da praia, preferiram as proximidades do Rio Paraíba do Sul e de um ribeirão no Tremembé, em uma antiga fazenda de café chamada Palmeiras.

O Mosteiro Bem Aventurada Maria, também chamado Maris Stela, ou Maristela, foi fundado no dia 13 de setembro de 1904, contou a repórter Ana Lúcia Viana no artigo Os trapistas em Tremembé (1904-1931) na edição número 281 do semanário Contato, em 2006. Além de recuperar a lavoura cafeeira, eles se dedicaram a cultivar cana de açúcar, juta, a criar gado holandês e a experimentar o plantio de arroz.

Apesar das diversas benfeitorias que deixaram, incluindo uma barragem e uma pequena usina elétrica, os trapistas não conseguiram arrebanhar os fiéis de que tanto necessitavam para manter o mosteiro. Discretamente, começaram a retornar para a França, em setembro de 1927. Os últimos partiram em março de 1931. Segundo o site da Ordem Cisterciense da Estrita Observância (OCSO, na sigla em francês), eles foram para a abadia de Notre Dame de Orval. Ainda segundo Ana Lúcia Viana, somente um, o irmão Leonard Van Hier, permaneceu; ele morreu em 1948.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Blues Etílicos vai lançar sua segunda cerveja, uma american pale ale

Otávio Rocha, Pedro Strasser, Flávio Guimarães, Greg Wilson e Claudio Bedran. Foto: Nicolas Iacovone

Depois de uma hellbier um pouco fora do padrão lançada em janeiro deste ano pela Mistura Clássica, o Blues Etílicos está preparando, em parceria com o cervejeiro Leonardo Botto, uma nova cerveja com sua marca, uma american pale ale, revelou o baixista Cláudio Bedran em entrevista ao 700 Cervejas, no lançamento do novo CD da banda, intitulado Puro Malte, nesta segunda-feira (2/9). O evento, não por acaso, foi realizado no Botto Bar, na Tijuca,

- Quisemos o nome Hellbier (na primeira cerveja) por causa do trocadilho com "inferno", lembra a encruzilhada, aquela lenda clássica do blues (atribuída ao pioneiro Robert Johnson) de vender a alma ao diabo. Mas o Botto nos puxou a orelha, dizendo que não era uma helles tradicional porque tinha um perfil muito mais lupulado em vez de maltado, com lúpulos americanos, seria algo como uma "american pale lager".

Amigo do cervejeiro "desde a faculdade, ou algo assim", Bedran conta que levou o resto da banda para o caminho das cervejas artesanais. A temática alcoólica, ele lembra, acompanha a banda desde o início, com músicas como Cerveja ("Vou virar vou virar esse copo / Cheio de espuma cheio de ouro / Vem cerveja vem beijar meu sangue / Alquimia de espuma libertária"), e O Sol também me levanta ("É nessas horas, eu digo pra mim mesmo nunca mais vou beber / Mas vem caindo a tardinha... Preparo outra caipirinha").

- Somos bebedores, sempre fomos. Bebemos um pouco acima da média, exceto o Otávio (Rocha, guitarrista) - diz o baixista.

- Mas ainda estou tentando convencer eles a fazer um café Blues Etílicos - brinca Rocha.

O lançamento foi regado a chopes da primeira cerveja da banda e de duas criações de Botto para a cervejaria niteroiense Noi, a golden ale Avena e a Irish red ale Rossa, acompanhados dos belisquetes da casa, como o fundamental pão de malte, os croquetes de quatro queijos e de carne. O que mudou, em relação ao passado?

- Com o tempo, fomos deixando as bebidas mais fortes, e amadurecendo nossos gostos - explica Bedran.

A música que dá título ao novo CD é a prova maior deste amadurecimento. Com melodia do vocalista e guitarrista Greg Wilson, "Puro Malte" traz letra do gaitista Flávio Guimarães com trechos que tem tudo para virar hino dos cervejeiros artesanais ("Seja de trigo ou de cevada / Só não me venha com cascata / Não quero arroz, não quero milho / Só puro malte, meu amigo"). Essencialmente, é uma proclamação desta nova paixão em forma de shuffle de 12 compassos - arranjo rítmico tradicional do blues.

- A cerveja artesanal mudou nossas vidas, nossos hábitos, e muitas pessoas estão sentindo a mesma coisa. Existem poucos shuffles em português. Raul Seixas fez o Canceriano sem lar, o Celso Blues Boy também tinha alguns... por isso pensei em fazer algo nesta linha. A letra saiu em uma tarde, depois o Cláudio ajudou a dar uma enxugada. Quando o disco estava mixado, a gente começou a pensar no título. "Puro malte" remete a qualidade, maturidade, tem tudo a ver com o que a gente está fazendo agora - explicou Guimarães.



O caminho para a primeira cerveja da banda começou com uma sugestão do dono da distribuidora Balkonn, Giovanni Calmon, que o baixista conheceu em degustações no Lapa Café, onde a banda se apresentava regularmente. Depois de algumas conversas com a sócia de Giovanni, Andrea, chegaram ao estilo mais adequado para "não assustar o público", ao mesmo tempo em que se distanciava das lagers sem graça, sem sabor e sem aroma.

- Tem muita banda por aí que só está trocando o rótulo da bebida que a cervejaria já produzia - dispara Bedran. - Mas o Greg é a nossa esperança de no futuro ter uma cerveja que seja realmente produzida por nós.

Nascido no Mississipi, nos Estados Unidos, Greg Wilson contou que pretende usar sua próxima viagem a Nova Orleans, onde visitará a família, para comprar os equipamentos para fazer cerveja em casa. Apaixonado por cozinha desde os 13 anos, em uma família onde todos, segundo ele, sabem preparar excelentes pratos, descobriu as cervejas artesanais em um Natal, quando o irmão trouxe de presente quatro garrafas de diferentes estilos: além da comum pilsner, uma weiss, uma bock e uma christmas ale.

- A christmas ale era cheia de sabores de temperos, especiarias... foi definitivamente a que mais gostei - recorda-se ele.

Ele diz que tem planos de montar sua nanocervejaria caseira em um terreno em Friburgo.

- É uma terra com uma água aparentemente muito boa. Quero fazer uma análise química dela para saber se a composição é adequada à produção de cervejas.


* Nota: Dois dos autores do blog, Marcio Beck e Daniel Conde Perez, foram alunos do curso de produção caseira de cerveja de Botto, em novembro de 2011.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

ARTIGO: A Internacional Social-Cervejista, por Anderson Soares dos Santos

'Quem bebe cerveja ajuda a agricultura'
Até pouco tempo atrás – em termos históricos –, na Alemanha, a cerveja era um produto exclusivamente artesanal. Era comercializada no próprio local da produção, a Brauhaus, que lembrava, em seu conceito, uma padaria. Centenas ou milhares de litros feitos com métodos arcaicos, tendo como matérias-primas, basicamente, água, malte e lúpulo. Esta realidade só veio a mudar após a Segunda Guerra Mundial, quando as megacorporações cervejeiras entraram de fato na Alemanha e popularizaram a pilsner, como ocorreu também em outros países.

A padronização – deletéria – fez a cerveja chegar a todos os cantos do mundo. Deixou de ser um fenômeno regional, artesanal, pra ser mais um produto industrial qualquer: acessível, de qualidade questionável, e o mais importante, barato. A produção em série atendeu apenas os anseios daqueles que veem os produto como mera forma de capitalizar. Para estes, vender cerveja é como vender óleo diesel, madeiras ou desinfetantes.

O conceito de “alienação do trabalho” do pensador alemão Karl Marx cai como uma luva na questão cervejeira. O artesão, antes “dono do processo”, detentor do conhecimento, foi relegado à mera condição de operador de máquinas, sem poder para definir o que e quando produzir. A transmissão do conhecimento cervejeiro passou a se resumir a quais botões apertar.

Entrou em cena um exército de reposição de envasadores, carregadores, operadores de produção e demais operários. Nenhum deles primordial para o funcionamento da máquina, podendo ser substituídos a qualquer momento. A ciência cervejeira dava mais um passo para trás.

A mudança praticamente dizimou a diversidade da cerveja, não só na Alemanha mas em todo mundo. Certos estilos entraram em risco de extinção, assim como aconteceu com as pequenas cervejarias, que acabaram sendo engolidas, pois não tinham condições de competir com os industriais em termos de preço.

Foi neste cenário, décadas depois, que ressurgiu a cerveja artesanal, resgatando toda a tradição abandonada e que corria sérios riscos de se perder. No entanto, a diversidade permanece relativamente pobre. A variedade de cervejas produzidas tanto pela indústria quanto por grande parte dos cervejeiros artesanais não passa dos dedos de uma mão (muitas vezes, pilsner, weiss, porter/stout, IPA e alguma belgian ale).

O cervejeiro artesanal sonha em fazer pouco mais que ‘pizza de mozzarela’, mas uma pizza bem feita, com os melhores ingredientes, bem preparados assados e no seu tempo certo. Mas, logo que atinge um padrão de qualidade considerável, começa a pensar em crescimento, expansão, automatização... tal qual o capitalista detentor dos meios de produção.

Isto mais parece um instinto presente em cada um de nós, e que lembra um defeito de um sistema robótico capaz de levar à autodestruição. A qualidade da cerveja também tem a ver com a maneira que é feita, seu grau de dificuldade ou raridade. É o trabalho de muitas mãos e cérebros hábeis. Atentem para o fato que ninguém joga fora sua taça de champanhe quando esquenta, mas pode fazê-lo com seu copo de cerveja. Quando se vê algo assim, há que se pensar pelo menos como tal produto foi produzido e quais foram seus desafios.

Temos alguns exemplos no Brasil de pequenos produtores que expandiram suas atividades, e as qualidades que mais aguerridamente defendiam vão por “cerveja abaixo”, se permitem o trocadilho. Ou, como dizem os alemães, Hopfen und malz verloren.

É certo que a cerveja pode ser feita por um HAL 9000 qualquer. Aos que a fazem assim, meu respeito, pois em nenhum momento dizem que seu produto é artesanal, embora fosse mais honroso dizer que é produto da Máquina X. Não quero parecer ludista, apenas expor algumas contradições do setor.

A paixão e o romantismo estão frequentemente ameaçados pela ganância e pelo capital, e muitos nem sentem estar “caminhando para o nada”. Você, cervejeiro, certamente não bebe rótulos, nem come publicidade.

Afinal... o que é artesanal, o que é caseiro? O que é cerveja? O julgamento é seu!