quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Uma kölsch para abrir o verão



por Dirley Fernandes
Especial para A VOLTA AO MUNDO EM 700 CERVEJAS


O domingo era chuvoso, mas quente, como sóem ser os dias estivais aqui na cidadela de São Sebastião. Os fogos ainda espocavam pela vizinhança anunciando a chegada do Ano Novo e eu já tinha realizado a caminhada que me permitia dedicar-me sem culpa a outros prazeres.

Retirei, pois, da gaveta do congelador, a garrafa da Früh (500 ml) e, da porta da geladeira, o copo (errado, me contam só agora) e dei início aos trabalhos. Pelo início: früh é palavra teutônica que significa "manhã" e denomina essa cerveja classificada como do tipo kölsch, nome que, por sua vez, tem origem nos dialetos falados na região onde se localiza Colônia (Köln), cidade-berço desse estilo de cerveja.

Kölsch é denominação de origem controlada, designando cervejas claras e de alta fermentação. A nomenclatura própria só pode ser usada pelo líquido fabricado por em torno de 20 cervejarias nos arredores daquela cidade alemã, sob normas estabelecidas na década de 1980, levando em conta métodos de fabricação já experimentados desde o século anterior. A Früh, por exemplo, se estabeleceu um 1904 e é hoje das mais afamadas da região.



Derramei o conteúdo da garrafinha da Früh num copo meio bojudo e de boca larga e vi um líquido de cor dourada, não muito distante de uma pilsen, porém menos translúcido, levemente mais escuro. A espuma não era tão densa como eu esperava, o que não me deixou tão animado. O primeiro gole, no entanto, teve o efeito de um raio de sol em meio às nuvens do chuvoso verão carioca. Se a riqueza de nuances e os sabores mais acentuados que muitos dos apreciadores de cerveja preferimos não marcavam presença, o equilíbrio do conjunto era impressionante. O néctar desceu garganta abaixo sem qualquer aspereza.

A Früh declara usar apenas malte de cevada na sua composição, diferentemente de outras receitas também enquadradas no estilo, que podem levar algum trigo. De toda forma, o paladar de malte não é acentuado – equilíbrio, repito – e o teor alcoólico, de 4,8%, é apenas um pouco maior do que o da maioria das pilsen. A Früh desce leve, apesar de, no copo, mostrar boa densidade, e extremamente refrescante, sem arestas, com o perfeitamente marcado sabor dos excelentes lúpulos utilizados pelas kölsch alisando o palato no último momento e ali permanecendo, sem se fazer excessivo, por um bom tempo.

Sem dúvida, é cerveja altamente recomendável, sobretudo para o verão carioca. Juro aos senhores que a degustação dessa kölsch me transportou para um biergarten de Colônia – onde o estilo é hegemônico. Mas, claro, no verão do Hemisfério Norte, já que,por lá, nesse momento, a temperatura está em torno de 5º C.

Em tempo: recomendam-se copos longos e finos para a degustação das kölsch, o que deve ajudar a manter a densidade não tão grande da espuma dessas cervejas.

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