terça-feira, 12 de março de 2013

Troubadour: A cervejaria dos rebeldes menestréis belgas desembarca no Brasil

Stefan Soetemans, da Troubadour: 60% dos 500 mil litros/ano são exportados
Foto: Marcio Beck 

Apesar do clima bastante distinto, quando o assunto é cerveja, brasileiros e belgas se entendem muito bem. As cervejas belgas, não se pode negar, têm um papel fundamental no despertar do público brasileiro. Vale para as grandes, gigantes, e também para as pequenas; e vale, principalmente, para as tradicionais e as iniciantes. Fundada em 2000 por quatro amigos, a cervejaria artesanal belga Troubadour chegou em dezembro ao Rio de Janeiro e a São Paulo, com lançamento disputado na The Ale House Deli, em Ipanema.

Com a garrafa de 330 ml da Troubadour na faixa de R$ 20 e a de 750 ml na faixa de R$ 50, estão longe de serem das mais caras do mercado. Mas valeriam a pena? Provamos três, na torneira.



A Blonde é uma blonde ale, medalhista de ouro em sua categoria na Copa do Mundo da Cerveja de 2010, em Chicago. É puxada para aroma e sabor frutados, cítricos. De amargor razoável, mas não destacado, em termos de álcool, é forte para os brasileiros e fraquinha para os belgas: 6,5% ABV.

A Magma é uma India Pale Ale (IPA) "imperial". De cor acobreada, apesar de consideravelmente amarga, é bastante densa e traz um adocicado intenso, caramelado, que equilibra o conjunto. Até o considerável teor alcoólico (9% ABV) chama menos a atenção do que deveria no conjunto. Bem equilibrada.

A Obscura é uma mild stout, escura e não muito encorpada, de textura aveludada. Também equilibrada e com perfume frutado típico do fermento belga, o malte dela lembrou chocolate amargo e pão torrado. O teor alcoólico, também discreto no paladar e no aroma, é respeitável: 8,2% ABV.

As três ausentes foram Spéciale (cerveja leve, de cor âmbar, com 5,7% ABV), Imperial Stout (escura, pesada e com 9% ABV) e WestKust (Black India Pale Ale, cerveja escura com elevado amargor e 9,2% ABV).

Com um copo de sua criação em mãos, o sócio-fundador e diretor da Troubadour, Stefan Soetemans, contou que havia recebido pedidos de "dez ou quinze" importadores brasileiros recentemente, mas evitou levar o processo adiante.

Não fizemos estudos de mercado caríssimos antes de decidir exportar para cá - ele ri, mas continua, sério. — Só recusei os pedidos porque eles não eram detalhados quanto aos seus planos. Os questionamentos que fazíamos sobre qual era a capacidade logística destes importadores e como eles pretendiam abordar o marketing da cerveja não eram respondidos. Mas os cervejeiros belgas conhecem Xavier. Já íamos entrar em contato com ele, porém ele nos contatou antes, por e-mail. Fizemos um acordo de exclusividade com ele.

- Vi a cerveja deles à venda em um supermercado da Bélgica e resolvi experimentar - conta Xavier Depuydt. - Achei-a muito interessante. Mandei um e-mail parabenizando-os e perguntando se queriam exportar para o Brasil.

Instalada em uma cidade que poderia reivindicar o título de capital cervejeira da Bélgica, Gent, a Troubadour começou quando Soetemans e três amigos, todos formados em engenharia de cervejaria pela tradicional universidade de Lieven, perceberam o quanto é difícil alcançar um lugar de destaque no fechado mundo das cervejarias artesanais belgas, muitas delas de longa tradição familiar. Desencantados, foram montar sua própria, que hoje produz 500 mil litros por ano. Hoje, conta Soetemans, do grupo original restaram apenas ele e Kristof De Roo no comando.

- Conheci Kristof num bar, em 1995. Logo descobrimos que nós dois estudávamos a mesma coisa e estávamos frustrados com o começo da vida profissional de cervejeiro. Éramos garotos, mas queríamos fazer alguma coisa nossa. Então, produzimos algumas cervejas juntos. Não eram para ser comerciais, mas a família e os amigos disseram que havia pessoas que queriam vendê-las. Logo, havia quatro bares querendo, então, nós montamos a companhia. Aí, vieram os impostos, então... vamos procurar mais bares! (risos).

A cautela na escolha dos distribuidores, segundo Soetemans, não é exclusiva em relação ao Brasil, diz ele.

- Estamos sempre procurando parceiros, mais do que compradores. Ele (o distribuidor) tem que saber sobre a nossa cerveja. Queríamos alguém que pudesse ser a cara da Troubadour no Brasil.

A cervejaria exporta 60% da produção, para outros oito países: Estados Unidos, Holanda, Reino Unido, Itália, França, Dinamarca, Finlândia e Suécia. Diante do ambiente extremamente competitivo (para não dizer saturado) do mercado belga, os donos da Troubadour estão mais empolgados é com as vendas para o exterior.

— Estamos muito confiantes que tanto o volume quanto o percentual exportado crescerão — afirma Soetemans, evitando falar em números.

E o que o público brasileiro pode esperar das cervejas Troubadour?

- Bom, eu sou um cara mais do malte, mas também teremos bastante coisa com lúpulos interessantes. Fazemos sempre levas especiais de Magma com algum toque nesse sentido. A do ano passado teve um dry hopping de Simcoe, e este ano estamos fazendo uma com Sorachi Ace.

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