quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Monastério dos EUA recebe selo da Associação Trapista Internacional
Sala de estudos e orações da Abadia de São José: novos trapistas. Fonte: spencerabbey.com |
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
'Quero provar cervejas com gosto de Brasil' - ENTREVISTA EXCLUSIVA COM GARRETT OLIVER
Em viagem a Nova York no meio deste ano, encontrei o mestre cervejeiro da Brooklyn Brewery, Garrett Oliver, por acaso, bar Blind Tiger, no SoHo. Coincidentemente, no dia em que fui levado lá por meu beer-cicerone novaiorquino - um executivo de médio escalão de um banco de investimentos com sede no distrito financeiro da cidade - o bar estava recebendo um evento de degustação de lançamentos e clássicos da Brooklyn, e ele estava lá para dizer algumas palavras alusivas. Amaciado por dois deliciosos exemplares da "reserva do mestre cervejeiro", o wheat wine The Companion e a specialty ale The Concoction, apresentei-me como jornalista e beer blogger brasileiro e pedi uma entrevista.
Ao ouvir que eu era do Brasil, ele abriu um sorriso e topou na hora. Pediu que eu entrasse em contato para vermos os detalhes. Quando o fiz, Garrett veio com uma sugestão muito melhor que a simples entrevista que eu havia sugerido: me convidou para uma visita à cervejaria guiada por ele, junto com um cervejeiro argentino também visitante, e para o jantar harmonizado que promoveria na mesma noite para os distribuidores das suas cervejas na região.
Visitando o depósito: paraíso cervejeiro em forma de pilhas de caixas |
À mesa: Local 1, 2 e Sorachi |
Explicando o rótulo da Local 2 |
A equipe da cervejaria se virando na cozinha, sob o comando do mestre |
Plateia formada por distribuidores da Brooklyn |
Preparando o molho carbonara |
Missão cumprida, jantar encerrado, Garrett fala de suas experiências como cervejeiro |
Fermentado por
Marcio Beck
Em
10/25/2012 09:00:00 AM
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Desmistificando a IPA: um britânico em busca da verdadeira origem da India Pale Ale
Adição de lúpulo para a cerveja 'resistir à viagem à Índia' é a base da lenda. DIVULGAÇÃO/HEINEKEN |
Recebi alguns cumprimentos por ter escrito, recentemente, que há controvérsias sobre a onipresente descrição de que a India Pale Ale, a popular IPA, "foi criada com uma dose extra de lúpulo para suportar a viagem até a Índia, na época do Império Britânico". Agradeço-os, mas não posso aceitá-los. O crédito desta contestação bastante impopular - a lenda facilita bastante contar a história - pertence principalmente, pelo que pudemos apurar, ao jornalista britânico Martyn Cornell, autor do excelente blog Zythophile.
Na versão mais detalhista da lenda, existe até um herói e uma data. Cornell, em seu trabalho, buscou desconstruir ambas - e, pela aparente ausência de réplica aos seus argumentos, conseguiu. Primeiro, ele traçou o caminho da lenda ao livro "Burton-On-Trent: Its History, Its Waters, and Its Breweries", de William Molynaux, de 1869, que não citava fontes.
Cornell: desconstruindo o senso comum. REPRODUÇÃO/ZYTOPHILE |
Sem negar a proeminência de Hodgson no comércio de cerveja com a colônia britânica Cornell analisa:
Outro mito é que os cervejeiros ingleses estavam ansiosos para entrar no mercado indiano. De fato, no início do século 19, o mercado era muito pequeno, apenas 9.000 barris por ano, igual a menos de meio por cento dos dois milhões de barris produzidos em Londres todo ano. Hodgson provavelmente tinha cerca de metade do mercado indiano, mas isso provavelmente, em grande parte, porque ele sua cervejaria era perto de onde os navios da Companhia das Índias Orientais aportavam, e porque ele estava disposto a permitir aos capitães (...) crédito dilatado, de até 18 meses, na cerveja que compravam dele.Os artigos de Cornell a respeito das origens da India Pale Ale, legítimo fenômeno no mercado cervejeiro, merecem ser lidos com toda atenção. E questionados, se necessário, claro. Se na busca de fontes históricas confiáveis a pesquisa dele merece grandes elogios, no pensamento econômico, me parece que ficou devendo um pouco. O fato de o mercado indiano ser tão pequeno, em princípio, não é prova de que ele não possa se expandir. Muitos economistas que conheço diriam o contrário: que é um mercado com potencial de expansão enorme, virtualmente inexplorado.
Suas pesquisas levantam ainda lacunas importantes de informação como a proporção dos lúpulos usada na receita de Hodgson e reenquadram certos marcos temporais - como o de que a denominação India Pale Ale não foi usada antes de 1835; até então, eram normalmente chamadas “pale ales preparadas para o mercado da Índia (ou das Índias Ocidentais e Orientais)” ou coisa semelhante.
O inegável que ele reuniu elementos convincentes de que a verdade, como de costume, está bem longe do senso comum. Para quem quer escapar do senso comum, fica a dica.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Barão Vermelho será a próxima banda brasileira a lançar cerveja com marca própria
Pesquisa da Unesp de 2006 já apontava altos índices de milho na cerveja
“Foram analisadas 161 amostras de cervejas provenientes de dezessete estados do Brasil. Concluiu-se que 95,6% utilizaram malte e adjunto cervejeiro (derivados de milho ou açúcar de cana: 91,3% e derivados de arroz: 4,3%) em sua formulação e outros 4,3% eram cervejas 'puro malte'. Das amostras analisadas, 3,7% eram cervejas com menos de 50% de malte em sua formulação (adulteradas), 28,6% delas estavam na faixa de incerteza, para qualquer tipo de adjunto e 67,7% apresentaram malte dentro do limite legal estabelecido.” (SLEIMAN, 2006)Vale acrescentar que foram 60 diferentes marcas, procedentes de 63 fábricas, localizadas em 56 cidades do país. Os parâmetros físico-químicos das cervejas foram avaliados no Laboratório de Bebidas do Departamento de Gestão e Tecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas, e as análises da composição isotópica das bebidas, no Centro de Isótopos Estáveis Ambientais em Ciências da Vida do Instituto de Biociências. “Faixa de incerteza”, destaque-se, é o eufemismo técnico para "há risco de o consumidor estar comprando gato por lebre". Sabendo disso, vamos ler de novo, então, de outra maneira: A análise mostrou que só pouco mais de DOIS TERÇOS das cervejas analisadas, ou seja, 108 das 161, possuíam COM CERTEZA percentual de malte até o permitido pela lei. Sobre as 53 restantes... sabe-se lá, não é mesmo? Mas os 28,6% não podem ser considerados adulterados além da famosa “dúvida razoável” dos tribunais. Os autores dizem que elas se encontram “no limite da legalidade”. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA APOIOU COLETA O Ministério da Agricultura, diferentemente do que a Schincariol deu a entender, em sua declaração à Folha, conhece a metodologia há oito anos e não só a aprova como, ao saber da pesquisa da Unesp, ajudou-a na coleta das amostras em quase todos os 19 estados produtores de cerveja à época. Exigiu, porém, sigilo em relação às marcas. Portanto, infelizmente, não é possível determinar se são as mesmas marcas identificadas pela USP. Fica para a imaginação de cada um. A conclusão do estudo, pode-se dizer, foi branda e racional, como convém aos cientistas:
“A fraude não é uma prática disseminada no mercado cervejeiro brasileiro que (sic) apresenta apenas problemas pontuais.” (idem)À indústria, sempre resta o jus sperneandis (o "direito de espernear", como se diz em juridiquês bem-humorado), alegar que os estudos são falhos, que não é por aí, etc. A verificação dos isótopos é bastante consagrada, cientificamente, em diversos tipos de análise de bebidas. Se tudo o mais falhar , há ainda o mantra de que o uso de adjuntos é normal, suavizante, paladar do brasileiro, calor tropical, blábláblá. A questão, no entanto, não é se a cerveja fica pior ou melhor com mais ou menos milho ou arroz. Está na informação devida ao público. Se a utilização de milho e outros adjuntos não impacta negativamente na qualidade do produto, como afirmam, porque não torná-la clara nas embalagens, nos rótulos? Os consumidores devem se contentar com a descrição de "Cereais não maltados" (quando aparece)?
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Consumo maior de cerveja aquece mercado de malte, matéria-prima básica da bebida
Grãos de cevada são usados para fazer o malte, matéria prima fundamental da cerveja (Divulgação/Heineken) |
A temperatura está subindo no mercado de malte brasileiro. A compra do controle da Malteria do Vale pela francesa Soufflet, em agosto, por um valor não revelado - o que geralmente acontece quando a "adquirente" paga demais ou de menos pela "adquirida" - foi o sinal mais claro de que a expansão do consumo mundial de cerveja deverá ter repercussões profundas no Brasil. O país, afinal, é um dos maiores produtores mundiais de alimentos e a tendência é que cresça ainda mais nesta área nos próximos anos.
O malte é a matéria-prima fundamental da cerveja. É o grão, normalmente de cevada ou trigo, que é deixado em meio úmido para começar a germinar e depois passa por secagem - que interrompe a germinação. A intensidade do calor e o tempo da secagem dão cor ao malte, influenciando a cor e o sabor da cerveja. Ele é cozido com água, filtrado, e o resultado do processo, o mosto, recebe o fermento, que produzirá gás carbônico e álcool, completando a magia. Grossíssimo modo, já que os sabores e os aromas dependem também de outros elementos, as cervejas feitas com maltes claros, geralmente, lembram pão e biscoito, as avermelhadas, caramelo e nozes, e as escuras, café e chocolate amargo.
Jean-Michel Soufflet, presidente da Soufflet |
Nas entrevistas que deu a respeito da negociação, o presidente da Soufflet, Jean-Michel Soufflet, destacou que a aquisição, a primeira da empresa fora do país, é parte da estratégia global da empresa em dois níveis: um, para acompanhar a concentração das indústrias cervejeiras em gigantes transnacionais, e dois, para brigar com a dona do pedaço no mercado de malte.
Em bom português: grandes chances de os gringos quererem nosso malte para vender ao resto do mundo. O malte produzido nacionalmente já é pouco - cerca de 40% do total consumido pela indústria, segundo fontes do setor - e periga fica ainda mais escasso.
A Ambev, que representa 70% do nosso mercado, sentiu o calo doer em seu balanço mais recente. O custo por volume subiu 3,4% e parte disso foi culpa, segundo a empresa, do "aumento dos custos das matérias-primas, princialmente o malte". Segundo estimativas de especialistas, o malte representa em média um peso de cerca de 75% no custo total da matéria-prima e 5% do preço total do varejo.
Principal cliente das maltarias brasileiras, a Ambev já começou se defender de uma possível redução da oferta já sofrível no mercado interno.
Nos próximos meses, a gigante deverá inaugurar sua quarta maltaria, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, com capacidade para 110 mil toneladas por ano. O investimento é de R$ 200 milhões.
A empresa também sinalizou discretamente que apoiará os que quiserem arriscar investimentos. Não faz muito tempo, o Governo do Estado de Santa Catarina anunciou que a Cooperativa Agrária, uma da principais fornecedoras da Ambev, vai gastar R$ 212 milhões para construir mais uma maltaria. A unidade, a terceira da Agrária, produzirá 80 mil toneladas de malte por ano a partir de 2015. Atualmente, a cooperativa tem produção total de 240 mil toneladas por ano.
Não encontramos registros de movimentações semelhantes por parte da Heneiken, outra megacervejaria multinacional instalada em terras brasilis. As outras grandes cervejarias, se o fizeram, fizeram na surdina. Como não têm capital aberto, ou seja, não negociam ações na bolsa de valores, não precisam tornar públicas uma série de dados.
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