quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Bebendo com os olhos #4 - Früh Kölsch - Um desafio delicioso ao olhar

De nome um pouquinho enrolado de pronunciar para os degustadores de primeira viagem, a Früh (algo como "fruí") Kölsch, da qual já falamos aqui no site em outra ocasião, é uma cerveja bem marcante, tanto em sabor quanto em design. Original da cidade de Colônia, na Alemanha, ela conta com uma combinação matadora de vermelho, branco e dourado. E "matadora", entenda-se para o bem ou para ao mal.


Basicamente, duas famílias tipográficas compõem o rótulo dessa cerveja: uma gótica estilizada, e uma do tipo "bastão" com variações de peso entre as laterais e "falsas serifas" nas extremidades - decisão que considero bem acertada. Dá o recado, contextualizando a origem da cerveja, além de não confundir o consumidor com uma salada tipográfica sem sentido. A opção por uma gótica mais estilizada confere um tom de modernidade ou adequação aos tempos atuais, sem deixar de preservar a relação com a tradição da região.

Contando com uma inusitada combinação de dourado fosco e vermelho forte em seu rótulo, a Früh é um deleite e um desafio ao olhar. A "vibração ótica" (o quanto uma combinação de cores se apresenta harmônica ou não ao olhar) causada pela sobreposição dessas cores nos repele, ao mesmo tempo em que a combinação de uma grande área branca, da fonte (tipografia) principal e do símbolo em dourado (três coroas muito bem desenhadas) nos convidam a investigar melhor o rótulo. É um mix de incômodo e atração.

Talvez para nos presentear com a real intenção dessa combinação, os designers da Früh repetiram a dose na tampa, porém com cores metálicas. É nela que podemos apreciar toda a beleza do dourado sobre vermelho. São cores que nasceram para ficar juntas.

A cor preta aparece em abundância, nesse que eu considero o rótulo do verso mais bem composto, sob o ponto de vista do design, que já tive o prazer de degustar e analisar. O detalhe da diagramação do texto levando em conta a reprodução da tampa é duplamente convidativo: estimula a leitura e chama atenção para a gloriosa combinação de cores que tão bem funciona na tampinha.

Outro destaque interessante vai para o rótulo do gargalo. Ali, vemos novamente a combinação do vermelho com o dourado (agora também como uma faixa que não nos exige maiores leituras e alivia o olhar nas coroas) e o branco que compõe a cor da fonte gótica dessa vez. O corte transversal fecha muito bem o layout do rótulo. Comunica elegância e ousadia, com o toque da tradição, conceitos explorados em todo o design da própria cerveja.

O único porém seria em relação à faca (corte) do rótulo frontal. Embora não muito evidente quando a garrafa está cheia, o formato mais geométrico do rótulo não harmoniza com a ideia do design bem pensado de todo o produto. Não consigo entender porque fazer o recorte nesse formato quando seria mais simples manter o desenho retangular do rótulo, ou ainda cortá-lo de maneira ovalada.

Concluindo e degustando a Früh, podemos dizer que realmente tudo nela foi pensado para transmitir o conceito de simplicidade, mas com sutilezas, elegância. Um desafio ao olhar - e ao paladar -, e acima de tudo, de bom gosto.

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