A volta ao mundo em 700 cervejas: Bebendo com os olhos #2 - Bateman's XXXB

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bebendo com os olhos #2 - Bateman's XXXB - Dos cartoons de 1930 para sua geladeira

A primeira coisa em que reparamos nessa linda cerveja é que ela emula - e muito bem, por sinal - uma autêntica garrafa de desenho animado. Estou falando especificamente dos desenhos da década de 1930, nos quais as bebidas alcóolicas em geral eram simbolizadas pelos três "X". Pois bem, existem teorias sobre o porquê dos "X" que vão desde uma suposta medida de pureza e qualidade, de potência da bebida, até a mais simples das explicações: era esse o nome da companhia que produzia as garrafas.

Mas voltando à cerva e sua garrafa em questão: com o formato típico das garrafas antigas de moonshine, a XXXB nos convida a 500 ml de um amargor leve, com notas de caramelo, café torrado e madeira. A vontade de remeter ao típico garrafão de hard liquor é tanta que eles chegam a emular esse design no bocal/gargalo, mas por motivos de envasamento adequado, um segundo bocal é introduzido logo acima do que emula esse estilo. O teor alcóolico (4,8%) baixo, na minha opinião, ajuda na percepção dessas sutilezas no sabor. O aroma acompanha essa impressão; madeira, caramelo e por aí vai…

Agora, com toda essa delicadeza no paladar e na força alcoólica, o caro leitor poderia descartar a correlação de um design inspirado numa bebida estilo moonshine com a experiência de degustá-la. Mas é na cor principalmente que a XXXB faz lembrar algo poderoso.

O tom âmbar do líquido combina perfeitamente com a paleta escolhida para o rótulo. Preto, dourado, "creme" (amarelo 7% talvez, com algo de magenta ou ciano), vermelho e branco, combinação cromática das mais felizes. Principalmente o preto com dourado que, na minha opinião, sempre funciona, além de passar força e uma certa nobreza. Esse preto composto (CMYK 100%) que serve de base para o rótulo combina perfeitamente com o "creme", o dourado e também o branco.

Para distinguir o nome da cerva e o da cervejaria do resto dos elementos gráficos e de tipologia, um "creme", quase branco, mas elegante. Pra fechar sem agredir a integridade estética do rótulo, um branco puro que abriga em seu interior o logo da Bateman's, um Moinho vermelho puxando para o ocre (que marca o velho moinho de vento localizado nos arredores da fábrica na cidade de Wainfleet, Inglaterra). Tudo dentro do conceito força e harmonia.

Vale nota para o rótulo do verso, com uma estética bem "receituário de um boticário antigo", que vem simples, mas forte e direto, sem frescuras. Fácil de ler.

Praticamente são usadas duas famílias tipográficas distintas: Uma serifada - estilo "tipos móveis" remetendo as primeiras prensas gráficas -, que vigora em todos os textos do rótulo. Menos no que traz o nome da cerveja. O "XXXB" vem em uma letra sem serifa em estilo heavy. Excelentes escolhas pois, enquanto uma família tipográfica nos remete ao passado que o design tão bem emula, a outra nos ajuda a identificar o nome, bem como nos traz de volta às fontes mais "modernas".

Para terminar, destaco a marcação em relevo na garrafa em si. O logo da cervejaria, seu nome e ano de origem. Informações que não se tornam redundantes pois são bem incorporadas ao design, quase sumindo o tempo todo que se olha para elas.

Esse rótulo… Não, minto! A garrafa inteira já faz parte da minha coleção de favoritas.

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