domingo, 28 de agosto de 2011

1ª Beer Experience, parte 2 - Um clube para quem ama cerveja


Quando li o material de divulgação da 1ª Beer Experience, me encheu os olhos o seguinte trecho:

Entre os expositores participa também o recém lançado clube para cervejeiros 'Have a Nice Beer', para captar associados que desejam receber em casa mensalmente cervejas artesanais e diferenciadas.
Desde que comecei o blog, esta tem sido uma das minhas duas principais preocupações – a outra, claro, é arrumar um patrocinador pra bancar isso aqui antes que eu vá à falência.
Quando cheguei lá, fui direto no estande dos caras para ver qual era. Conversando com o Pedro Meneghetti (na foto abaixo, ao centro), idealizador do clube - ao lado de Rafael Borges e Rodrigo Sztezel -, descobri uma coincidência interessante: o projeto deles também partiu de um guia das melhores cervejas. Nesse bate-papo, ele conta melhor como foi essa história, fala dos conceitos do grupo e dos planos



BATE-PAPO // PEDRO MENEGHETTI

700Cervejas: Como surgiu a ideia do Have a nice beer?

PEDRO MENEGHETTI: O projeto começou há um ano, no meu aniversário, em julho de 2010. O Rafael [Borges, um dos sócios] me presenteou com o livro 1001 cervejas que você deve experimentar antes de morrer [1001 beers you must taste before you die], que ainda não foi traduzido para o português. Li, gostei, e bateu um certa frustração. Adoro cerveja, mas vendo todas aquelas, pensei: não vou conseguir experimentar todas. Aqui no Brasil, temos muitas cervejas importadas, mas poucas em relação às 1001. E eu não tenho dinheiro nem tempo para viajar o mundo experimentando estas cervejas. Faço parte de um clube de vinhos, que me envia todos os meses uma seleção de vinhos. Concluí que a gente podia adaptar a operação para o mercado pelo qual somos apaixonados, das cervejas, e trazer para o público brasileiro, realmente, as melhores cervejas do mundo.

Quando vocês começaram?
Isso foi em agosto. Liguei pro Rafael, disse: 'Cara, tenho uma coisa pra te falar, vem pra São Paulo'. E chamei o Rodrigo.

Os três são gaúchos?
Sim, eu e o Rodrigo moramos em São Paulo já faz uns três anos, e o Rafael continua em Porto Alegre. Contei pra eles a ideia e eles gostaram, falei: 'Vamos ser sócios então nesse projeto'. Começamos a escrever o plano de negócios, ficou pronto em dezembro. Aí, saímos a vender o projeto. Como teríamos que pediro demissão dos nossos empregos, porque isso requer dedicação integral, a gente não poderia colocar dinheiro do bolso, porque precisaria dessa reserva para se sustentar por um período.

A área de vocês, originalmente, é qual?
Rafael e Rodrigo são publicitários, e eu sou da área de comércio exterior. Durante oito anos, trabalhei com navegação, vim a São Paulo por causa da empresa, fui transferido pra cá. Apresentamos o projeto para uma pessoa com quem já tínhamos conversado por alto, que se interessou e se tornou o nosso 'investidor-anjo'. Foi quem acreditou na ideia e colocou um dinheiro a fundo perdido, porque a gente colocou: 'É um risco, pode não dar certo'. Felizmente, está dando certo.

Com quantos associados vocês estão, e quantos pretendem chegar até o fim do ano?
Chegamos à feira com 580 associados e esperamos sair daqui com mais uns 200. Nosso projeto inicial falava em Porto Alegre e São Paulo, que são as nossas bases. Só que divulgar online gerou uma vontade em pessoas de outras cidades de receber também, e aí tivemos que dar um jeito de atendê-los. Por isso pra quem está fora destas duas cidades há um adicional de frete, mas estamos trabalhando para reduzir zero esses valores, pelo menos nas principais capitais. Já estamos em conversas para viabilizar isso em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em Brasília. Esperamos chegar a mil associados até dezembro, mas achamos que vai ter mais. A curva de crescimento tende a ficar mais vertical à medida que começamos a entregar as cervejas. Quando o associado recebe o kit em casa... eles se apropriaram muito da ideia, você precisa ver no Facebook e no Twitter a participação, eles dão sugestões... o clube é realmente deles. Quando eles recebem a cerveja em casa, veem que existe mesmo, o associado fala para o amigo, que fala para o amigo... esse boca a boca está nos ajudando muito.

De quanto foi o investimento inicial? Cerca de R$ 200 mil, que eram importante pra gente ter um fluxo de caixa, porque a gente paga um valor alto pela cerveja, então até ter o retorno dos associados... Enfim, em maio lançamos na internet e em junho enviamos as primeiras cervejas, da Het Anker, a Gouden Carolus Trippel e a Gouden Carolus Classic, já enviamos também as de julho e agosto, que o Helinho [Hélio Jr.], do Delirium Café, traz.

Vocês também enviam aos associados uma revista sobre cerveja. Como ela é produzida?
A revista é distribuída aos associados e também em alguns bares, além de informações sobre as cervejas, ela contém outras matérias gerais bem interessantes. Contratamos uma agência de conteúdo que é responsável por alimentar toda a nossa estrutura de internet, que inclui Facebook, Twitter, InstaGram, etc. A nossa comunicação é quase toda online, investimos muito pouco no offline.


A propaganda de vocês é mais voltada para o conceito da experiência.
É, a gente diz que não vende cerveja, vende uma experiência. A experiência de beber as melhores cervejas do mundo, mas não simplesmente abrir a cerveja, botar no copo e beber. Ainda que a gente ache que a cerveja não deva ter o mesmo tratamento do vinho, aquela afetação, aquela seriedade, é para ser algo mais descolado, despretensioso. A gente não vende o que, vende o como. É a experiência de chegar em casa e se deparar com a caixa do kit, de ler uma revista bonita, com informações consistentes, ainda que curtas, já que ela tem 20 páginas. A gente vende o conforto de não precisar ficar escolhendo, de não precisar fazer o pedido... tu só tens que te preocupar se não quiser receber a remessa. A gente sempre faz, antes de enviar, uma pesquisa de mercado, porque algumas das que a gente pretende podem estar disponíveis no mercado, e aí procuramos fazer um preço que seja pelo menos igual ou se possível menor.

Como é feita a seleção?
Todas as seleções tem que ter pelo menos uma das cervejas listadas no livro. Afinal, quando a gente idealizou isso inicialmente, não era uma empresa, era um projeto de vida, de experimentar todas aquelas cervejas. Um projeto de 40 anos! Então, a gente escolhe e o [beer sommelier] Maurício Beltramelli e dá o parecer dele, escreve para a revista... então ele de certa forma chancela a nossa escolha, que segue uma pequena cartilha. Tem que ter uma validade de pelo menos três meses a partir do que o cliente recebe. Nunca vamos mandar quatro garrafas do mesmo tipo de cerveja, também. Não temos a pretensão de que as pessoas gostem de todas as que enviamos, mas que eles possam experimentar e formar sua opinião. Variar os estilos permite que eles façam isso.

Tem outros nichos dentro do universo cervejeiro que vocês pretendam atacar? Pensam, por exemplo, em ter a cerveja de vocês?
Temos sim, ainda não posso dizer qual é, mas no próximo ano, vamos inovar novamente, como fizemos agora com a criação do Have a nice beer. Quanto a fazer a própria cerveja, não, nós não. Eu, Pedro, sim. Mas quero fazer como hobby. Tenho uma vontade tremenda de ter o meu panelão lá, tentar e ver o resultado.

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